segunda-feira, janeiro 29, 2007

constatação #6

don't take life too seriously. you'll never get out of it alive.
elbert hubbard, escritor e filósofo norteamericano.

domingo, janeiro 28, 2007

grand3s portugu3s3s

achei à partida o programa uma ideia disparatada. continuamos com aquele culto bacoco das personalidades, ainda não compreendemos que os grandes países se fazem com um grande povo, em que cada um se esforça por dar à sua comunidade o seu contributo para o "crescimento" do colectivo, em que cada um tenha orgulho da sua cultura, das suas realizações. não com meia dúzia de "grandes homens". sendo assim, não lhe liguei grande coisa, não votei, quase me esqueci da sua existência. depois saiu a lista dos 100 mais e anunciou-se nova votação entre os 10 mais, para eleger a excelsa e veneranda figura vencedora. bacoquices.
soube depois que o formato não era original, antes adaptado dum programa da b.b.c., "great britons". afinal a doença não era endémica, e sim pandémica, com edições em frança, e.u.a., alemanha, áfrica do sul, chile ou finlândia. churchill, de gaulle, adenauer ou reagan já haviam sido eleitos os maiores dos seus respectivos povos.
a nossa lista do top ten apresenta figuras incontornáveis e mais que esperadas. surpreendente pela positiva, a presença de aristides de sousa mendes. pela negativa, o velho bafiento que caiu da cadeira. disse-se à boca pequena que o antigo ditador teria ficado em primeiro lugar. a nova extrema-direita rejubilou, os blogs dos camisas negras publicaram enlevados posts e apelaram ao voto em massa dos fieis para que o seu herói ganhasse a estranha competição.
vasco pulido valente diz hoje no público que soube ontem que salazar vai à frente na votação, logo seguido por álvaro cunhal. fuga de informação? especulação? a votação só termina em março e o site do programa nada adianta. a ser verdade, saiu o tiro pela culatra aos inventores da coisa. mas apresenta sinais preocupantes sobre a saúde mental e política destas gentes à beira-mar pastando. é lícito concluir, como muito bem faz v.p.v., que este povo não se identifica com o regime democrático que temos e construimos, prefere antes grandes timoneiros que lhe indiquem a ferros o caminho a seguir, como pensar e o que fazer. é mais cómodo.
quero pensar que o resultado da votação se deve ao culto exacerbado que alguns espíritos atormentados e desviados prestam a estas personalidades. a única limitação na votação é que cada número de telefone só pode votar uma vez, um esquema facilmente manipulável por gente doentia que encare a votação como o seu grande desígnio.
ganhe quem ganhar, nada mudará. afinal é apenas um programa de televisão e os resultados não expressarão realidade alguma, a votação não é de modo nenhum representativa como amostra estatística. mas será uma vergonha se os fans do velho das botas conseguirem levá-lo em ombros até ao podium.

r3forços

steve sack, minnesota, the minneapolis star-tribune, 2007.01.26

fotopost #3

capela românica, anfiteatro romano, terragona, agosto 2004

sábado, janeiro 27, 2007

dúvida 3xist3ncial


ainda não consegui perceber. se o sim ganhar este senhor fica despenalizado?...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

migração



qual ave migratória, o und3rblog trocou de blogger. e está muito bem na casa nova. o novo blogger tem algumas vantagens. pude finalmente ver-me livre do lilás dos links já consultados e do verde do título das postagens. já vos estou a ver a pensar: e o gajo acha que este laranja fica melhor???? também não é a cor ideal, mas lá chegaremos. no novo blogger tudo o que são configurações estão superfacilitadas. adicionar links na barra lateral, alterar as cores de tudo, mudar os títulos das secções de links, a disposição dos elementos no blog. também permite arrumar a casa, pondo etiquetas em tudo. a migração correu bem, obrigado, os problemas só começaram quando quis alterar o layout. contadores desaparecem, ajustes de largura das barras também, vogais com acento e cês cedilhados nos links são substituidas por coisas do tipo A.x ou C». por isso, se estão a pensar migrar, tudo bem, é rápido. mas antes de alterar o layout, assegurem-se de que têm tempo disponível. e podem borrar a pintura à vontade, porque o antigo template fica arquivado e podem recuperá-lo em qualquer momento. agora, com licença, vou pôr mais umas etiquetas nos posts antigos.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

divas | lisa gerrard



lisa gerrard! gostava mais dela com os dead can dance, às vezes agora cansa-me um pouco, mas continua a ser uma das vozes mais incríveis que alguma vez ouvi. emoção à flor da pele. se gostam, vejam também este, hesitei muito qual deles postar. sanvean, the mirror pool, 1995.

terça-feira, janeiro 23, 2007

mom3nto histórico

no futuro, ela será relembrada como tendo sido a primeira. hillary clinton usou a internet para fazer o anúncio da sua candidatura às eleições presidenciais de 2008 nos e.u.a., preterindo assim os habituais meios de comunicação. momento histórico, sem dúvida. pessoalmente, também gostava que ela ficasse para a história como a primeira mulher a assumir a presidência da grande potência, mas nisso eu não posso participar. injustamente! se todo o mundo tem que levar com o presidente dos estados unidos, porque é que não votamos todos também?

segunda-feira, janeiro 22, 2007

bab3l


apetece-me falar de babel. consegui finalmente vê-lo no fim de semana e ainda estou impregnado dele. há filmes assim, que nos impregnam e vão deixando um rasto de momentos que nos remetem para ele, nos dias seguintes. bebi o filme da primeira à última imagem. não porque tivesse ficado maravilhado, mas porque tudo fazia sentido. as histórias intercruzadas, os abusos de poder de todas as polícias (exceptuando a japonesa, honra lhe seja feita), a paranoia do terrorismo, a revolta da filha surda, o altruismo do guia marroquino, a falta de humanidade dos companheiros de excursão, todos os pormenores, reais e muitas vezes absurdos, como na vida fora do ecran. diverti-me com algumas sequências da montagem, o colorido da multiplicidade de culturas, os planos bem pensados e eficazes, deixei-me levar pela música.
não fui atrás do filme premiado, não me preocupei com posturas intelectuais e análises filosóficas, não era a isso que eu ia.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

vida de cão

Foto@EPA/Sergey Dolzhenko
Uma estilista penteia o seu cão durante um espectáculo de moda em Kiev.
.
eu já sabia que a vida no mundo da moda tinha muitas vicissitudes e que às vezes os(as) modelos eram tratados(as) abaixo de cão. o que eu não sabia era que alguns cães também sofriam as mesmas vicissitudes. atente-se à expressão do animal, os olhos lânguidos e o sorriso forçado, numa meia expressão, que não conseguimos bem descrutinar se é altivez, agressividade ou sorriso mal parido, e lembramo-nos facilmente de que já a vimos em rostos humanos, desfilando na passerelle. foto do dia, hoje, no portal sapo.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

fotopost #2

cancan, port aventura, agosto 2004
mais uma foto hipercontrastada. a cor e intensidade da luz de cena foram fundamentais para o resultado final.

terça-feira, janeiro 16, 2007

hugo pratt

um dos desenhadores de bd mais carismáticos e mais apaixonantes. um excelente aguarelista também. sentido estético apurado, experimentalista, espírito livre e inquieto. lê-lo e relê-lo, continua a ser um verdadeiro prazer. adesão total ao mundo de corto maltese. sonhador, aventureiro, cavalheiro.











segunda-feira, janeiro 15, 2007

constatação #5

os 40 anos são uma idade terrível. é a idade em que nos tornamos naquilo que somos.
charles péguy, escritor francês.

sábado, janeiro 13, 2007

divas | cassandra wilson



a mulher que faz a diana krall parecer uma menina do coro... adoro esta voz grave, sensual, quente, grande. acima de tudo, muito grande. fragile, vitoria jazz festival, 2005.

da blogosf3ra

agora que já passou aquele fascínio inicial pela blogosfera, em que cada blog com um post interessante era para colocar na barra lat3ral, fiz hoje a sua primeira depuração. o que levou as minhas congeminações em direcção à blogosf3ra em si. este melting pot virtual, este lugar onde todos nos encontramos, que nos permite escolher e depurar interlocutores sem qualquer constrangimento social. eleminamos um blog da barra lat3ral, cortamos um canal de comunicação directa, com uma ligeireza que dificilmente usaríamos se se tratasse de alguém com quem trabalhamos ou com quem somos obrigados a sociabilizar por qualquer razão. e sem remorsos. depuramos assim o nosso espaço e as nossas ligações, mantemos a higiene.

atrevo-me a dizer que a maior vantagem da blogosf3ra é pôr em comunicação indivíduos com afinidades da mais variada ordem. todos nós temos as nossas tribos. pessoalmente prefiro universos intimistas. pessoas que vivem com um pé na terra e usam o monitor como espelho de alice. artistas partilhando descomplexadamente a sua criatividade. mentes inquietas que ainda não desistiram de questionar o mundo e o homem. pessoas sem certezas absolutas.

a lusoblogosf3ra político-social está completamente contaminada com a questão do referendo que se avizinha. os blogs pelo sim, os blogs pelo não. a cada post, comentários acirrados, que dariam origem a cenas de bengalada, acaso estivéssemos na praça pública dos inícios do século passado. todos com certezas absolutas, convicções até às entranhas, como se a questão fosse linear. a palavra chave da pergunta, a despenalização, já quase desapareceu dos debates, ficaram apenas o sim e o não. e ainda falta quase um mês.

as tribos são transversais. dentro delas, não falamos todos a mesma língua, partilhamos a mesma linguagem.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

fotopost #1

plaza mayor, madrid, agosto 2004
como muitas pessoas, gosto de tirar fotografias. o tratamento digital das imagens que capto permite depois fazer algumas brincadeiras para gozo pessoal. sem qualquer pretensão, começo hoje a partilhar essas imagens. esta foi tratada em microsoft photo editor, jogando com o contraste.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

2007 ano bowi3

imagem pilhada do sound+vision

devo estar a ficar s3nil, porque quando pego num tema tenho dificuldade em largá-lo. já sabem que o senhor david jones está sexagenário. o que não sabem, i presume, é que o excelente sound+vision, de joão lopes e nuno galopim, decretou 2007 como o ano bowie. prevê-se uma cobertura completa da extensa carreira do camaleão, com análise disco a disco e uma série de raridades e curiosidades. já dá para ver o formato. experimentem aqui e aqui. a visitar regularmente, portanto, ao longo de todo o ano.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

petição

já agora, seja também herói por um dia e assine a petição pela acessibilidade electrónica portuguesa. para que todos tenham acesso a serviços online, caixas multibanco, software e máquinas de venda automática. não doi nada. basta ir aqui e deixar os seus dados. precisamos de mais 750 assinaturas até dia 10. se puder divulgue também entre os seus contactos. todos os que têm dificuldades físicas ou sensoriais agradecem.

h3ro for one day

tributo ao camaleão bowie que faz hoje 60 anos. o homem que disse ao mundo que podemos ser heróis por um dia. a escolha não foi fácil, mas heroes acaba por ser o tema mais expressivo e icónico da sua carreira. é impressionante pensar que já passaram 30 anos. a mensagem é simples e directa. herói por um dia, eu, tu, qualquer um. podemos ser reis, rainhas, acreditar que mudamos o mundo com as nossas acções, com a nossa maneira de estar e sentir, entregarmo-nos às causas, ser solidários, darmo-nos aos outros. podemos vencer os nossos medos, as nossas inseguranças, reinventarmo-nos. não é por acaso que quando bowie canta esta música, seja no live aid, seja no concerto pelas vítimas do 11 de setembro, a adesão e o sentimento de união entre o público é total. um grande comunicador, artista inquieto, o camaleão que se soube sempre reinventar.



gravação no programa rockpalast para a televisão alemã em 1996. a mais interessante musicalmente entre as inúmeras disponíveis no youtube.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

constatação #4

a vida é o que acontece enquanto estás ocupado a fazer outros planos
john lennon, citado por uma blogger.

ainda as imag3ns

notícia na antena 3. vai estrear o novo filme de mel gibson, apocalypto, baseado nos últimos tempos da civilização azteca. o filme, que já se sabe tem cenas particularmente violentas, foi classificado para maiores de 17 nos e.u.a. e para maiores de 18 na alemanha. a surpresa vem de itália, onde foi classificado "para todos". confrontada com os protestos de associações de inspiração cristã, a comissão de classificação defendeu-se dizendo que, depois da exibição em "prime-time" das imagens de saddam hussein a caminho da morte, seria uma hipocrisia classificar este filme para adultos.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

da pornografia das imag3ns 2

no post anterior evitei fazer mais considerações sobre imagens e iconografias, mas parece que se impõem considerações acessórias. questões levantadas em comentário. as imagens são realmente fundamentais na nossa sociedade, são uma forma de comunicação poderosa. de maneira nenhuma pretendo fazer um manifesto anti-imagens. também é verdade que usando do livre arbítrio, cabe a cada um selecionar aquilo que lhe entra pelos olhos adentro. o que está em questão não são as imagens em geral, mas alguns tipos de imagens e a maneira como elas são tratadas e os fins (mais ou menos obscuros) que essa exposição serve.

é verdade que temos a opção de não ver aquilo que não queremos ver. pessoalmente, não vi o vídeo de saddam hussein que motivou o post. não quis ver, não quero ver. mas isto aplica-se a uma margem pequena da população, que me atrevo a chamar de esclarecida. a turba anónima, que devora floribellas e pequenos escândalos, muitas vezes não tem o poder discriminatório para o fazer. ou não o quer utilizar. polémico, eu sei, mas é isto que penso.

as imagens a que me refiro são difundidas, a maior parte das vezes, como suporte da informação. palavra dúbia esta, pois o prefixo in normalmente é um prefixo de negação. a raiz etimológica aqui é obviamente outra, pois informação não é antónimo de formação. as imagens da informação, então, deverão ser imagens que acrescentem algo, que elucidem, que completem a notícia verbal. não deveriam os orgãos de comunicação ponderar o que difundem? a exposição de um homem a caminho da morte serve realmente a informação? os videos semipornográficos que "ilustraram" os primeiros tempos do processo casa pia acrescentaram alguma coisa à informação? tenho muitas dúvidas. e voltamos à questão da selecção. que poder de selecção temos, quando estamos a assistir a um serviço noticioso? a imagem é posta no ar e, quando damos por isso, já ela nos entrou pelos olhos adentro.

em causa está também a dessensibilização da população em geral a certo tipo de imagens. as primeiras imagens de guerra registadas tinham um impacto enorme, pois colocavam o cidadão comum perante a realidade nua e crua. sensibilizaram para os horrores da guerra e tiveram um papel crucial na consciência anti-belicista. esta foto tornou-se um ícone da guerra do vietname, porque punha a nú o horror e o sofrimento. hoje em dia, seria apenas mais uma imagem, no meio de tantas, bem mais chocantes, a que nos habituámos a ver nos serviços de informação.

estão a ver onde é que eu quero chegar?

terça-feira, janeiro 02, 2007

da pornografia das imag3ns 1

(sem imagem)

o mundo e os media são ávidos consumidores de imagens. a propósito deste post. a necessidade voraz de imagens é um fenómeno decadente na nossa evolução colectiva. ainda para mais quando essa necessidade não tem nada de estético e tem muito de voyeurismo acéfalo. olhamos para o homem prestes a morrer com a mesma frieza com que olhamos para as vítimas das catástrofes naturais, para as imagens escaldantes que envolvem uma qualquer starlette surpreendida por um paparazzo, para um colarinho branco apanhado nas malhas da justiça. estas imagens alimentam a novela dos telejornais, fazem capas de revistas e jornais, numa orgia de imagens que vão perdendo o seu significado moral, num zapping vertiginoso de uma pretensa actualidade. que tem como último fim aumentar tiragens e audiências e vender publicidade. reduzidas a duas dimensões, a ganância e a curiosidade mórbida.