quarta-feira, maio 30, 2007

o país ao contrário

hoje, dia de greve geral, o país não ficou paralisado, ficou ao contrário, para não dizer na twilight zone. administrações de empresas ameaçando com processos disciplinares os trabalhadores em greve, listas nominais de grevistas no hospital de leiria e na faculdade de ciências de lisboa apesar do parecer da comissão nacional de protecção de dados amplamente divulgado na comunicação social, sabotagem cirúrgica no sistema de comunicações no metro do porto com direito a intervenção da p.j., cavaco relembrando a um governo socialista que a greve é um direito dos trabalhadores, um ministro que diz que não tem nada a ver com as decisões de um dos seus directores gerais, um deputado do c.d.s.-p.p. defendendo os grevistas perante um governo socialista. com os números ninguém se entende, como é costume, mas desta vez nem dá para fazer a média aritmética entre os números do governo e os dos sindicatos. gostei da nova estratégia da c.g.t.p. em não divulgar os números que recolheu, com o argumento de que as pessoas não são números. sempre é mais airoso do que assumir que a greve não teve os efeitos desejados. a sensação que tenho é que houve gente a mentir ao longo de todo o dia. de todos os lados, de todos os quadrantes. se fossem pinóquios, uma verdadeira confusão de narizes.

terça-feira, maio 29, 2007

um olhar



segunda-feira, maio 28, 2007

comentário e resposta

carlos narciso, um jornalista, homem e blogger que admiro pelo seu sentido de justiça e postura na vida, visitou hoje este blog e deixou comentário num post mais antigo. reproduzo aqui o comentário e a minha resposta, para que fiquem expostos alguns aspectos que acho pertinentes:

CN disse...
Não sou funcionário público, mas estou convosco. Sempre gostava que alguém fizesse as contas como deve de ser, para perceber se o governo vai poupar mesmo alguma coisa... é que o des-empenho costuma sair caríssimo.
28/5/07 16:12

nelio disse...
cn, não creio que o governo esteja interessado nessa aritmética. realmente a coisa está a ficar um pouco desgastada, mesmo para os que mais se empenham e acreditam num sistema público de qualidade. isto de comerem todos pela mesma moeda, nunca foi boa maneira de gerir pessoas... fico contente em saber que existem pessoas que, não sendo funcionários públicos, estão solidários. pensava que eramos raça maldita.
28/5/07 18:27

pois, pensava que as campanhas de descrédito do executivo tinham lixado por completo a imagem dos funcionários públicos e que o povo rejubilava com os nossos problemas. pelos vistos enganei-me, pelo menos em relação a pessoas que teimam em pensar pela sua própria cabeça. a dúvida que me assalta agora é quantos portugueses ainda conseguem pensar pela sua própria cabeça...

domingo, maio 27, 2007

é tudo a sacar, vilanagem!

na sequência do post anterior, vejam a notícia de ontem no público:

"No pouco espaço livre que resta da costa algarvia vão ser construídas mais 53 mil camas. O Protal II foi aprovado, mas desde que haja para investir mais de 60 milhões de euros, o governo contorna as leis do ambiente e do ordenamento. Até pode mandar suspender um Plano Director Municipal só para aprovar um apartamento-hotel, como aconteceu à entrada da Quinta do Lago.
Nos próximos cinco anos, prevê-se que o Algarve duplique o número de empreendimentos de cinco estrelas. Quantos serão, ao certo, não se sabe ainda. "Quase uma mão cheia", responde, lacónico, o ministro da Economia, Manuel Pinho, prometendo que, no Verão, vai lançar as "primeiras pedras" de alguns desses projectos, ditos de Potencial Interesse Nacional (PIN)."

o algarve continua a saque!
note-se, a bem da verdade, que a maioria, se não a totalidade destes empreendimentos não resulta de investimentos feitos por algarvios, nem o dinheiro gerado pela sua exploração nem os impostos pagos (tirando os impostos municipais), serão aplicados no desenvolvimento do algarve.

sábado, maio 26, 2007

paraíso natural


recebi deste blog um desafio para um meme, tendo o conceito de paraíso natural como base. um meme está para a memória como um gene está para a genética. é algo que é transmitido, sujeito a transformações, adaptações, mutações. o meme que me foi passado, dizia respeito a tradições orais ligadas à terra, à sabedoria popular. evocava tempos em que as histórias eram transmitidas de geração em geração, à volta do fogo conciliador, à chama de candeeiros a petróleo, vem de uma terra longínqua, por detrás dos montes, no outro extremo do país, terra que como o algarve tem a tradição das amendoeiras em flôr. pontos de contacto, portanto.
podia evocar aqui o algarve da minha infância, o paraíso natural que era esta costa antes de um esbarrunto de empreendimentos turísticos aparecer como cogumelos e destruir paisagens, ecossistemas, falésias. o algarve da pequena burguesia rural, das casas com pitoril e alegretes, as visitas à dos meus avós e à dos meus tios, eu, menino de cidade, explorando a liberdade que o campo me permitia, na retoiça todo o santo dia, as loucas descidas ladeira abaixo, montado na carreta das pipas, empurrado por ou empurrando o mé'rmão, em que invariavelmente um de nós ficava escanecado depois de andar à reboleta uns quantos metros, o fascínio das pocilgas, das capoeiras e das cavalariças, das noras e das cisternas, dos fornos de cozer pão e da tiborna no dia da cozedura.
podia evocar também o tempo em que um galfarro nadar nú na maior parte das praias algarvias não escandalizava ninguém, simplesmente porque não havia ninguém para escandalizar. de vilamoura aos olhos d'água, uma caterva imensa de falésia e praia completamente desertas, de albufeira a armação de pêra, o mesmo cenário. mar, areia, bichos e mato. um mundo perdido, hoje em dia, afogado pela alcatrefa de campos de golfe, hoteis e outros catramolhos, apoios de praia e até elevadores que permitem a descida da falésia, directamente do hotel até à areia.
podia evocar tempos mais antigos, histórias de homens e de moços que partindo da terra dos marraxos atravessavam todo o algarve a pé, de caturras, para irem ceifar nos campos do lintejo.
podia inclusivamente evocar o paraíso natural que ainda é esta ria formosa, com bandos de flamingos repousando no meio das salinas, as flores da vegetação que fixa as dunas do cordão que lhe serve de protecção. ou podia seguir outro rumo e relembrar a minha avó galega, a pequena aldeia de san simon onde nasceu, o cancioneiro de lenga-lengas, histórias e trava-línguas que transportava dentro de si e embalaram muitas noites o meu sono de menino, pequenos tesouros da tradição oral que se vão perdendo, num mundo cada vez mais centrado no "novo", na tecnologia, no material e no efémero. paraísos naturais, todos eles transformados pela mão manipuladora do homem, pelo "bichinho alacre e sedento que fuça através de tudo num perpétuo movimento" tão bem descrito pelo gedeão. em vias de extinção, sujeitos à cobiça sem limites, votados ao esquecimento pela voragem do tempo.

sexta-feira, maio 25, 2007

morna chama do desejo

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adoro os teus olhos minha amada

são esplêndido fogo cintilante

quando de repente os ergues assim

para um breve olhar envolvente

como relâmpago instantâneo no céu

mas há um encanto maior ainda

quando meu amor teus olhos se baixam

quando tudo é inflamado pelo beijo da paixão

e através das pálpebras semicerradas

vejo a morna chama do desejo
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fiodor tiutchev
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quinta-feira, maio 24, 2007

por favor avisem a skynews

mais de 800 crianças e jovens desapareceram no reino unido desde o dia 3 de maio, quando foi reportado o desaparecimento de madeleine mccann. este número foi divulgado pelos responsáveis da linha de apoio national missing person's helpline, que vieram a público chamar a atenção para a diferença de tratamento, em termos de cobertura mediática, atenção popular e importância dada por "notáveis", entre esses casos e o da menina que a polícia portuguesa crê ter sido raptada do apartamento de férias dos pais no the ocean club da algarvia praia da luz.
notícia no d.n.

tinha decidido não me referir ao caso madeleine, mas depois da campanha difamatória que alguns orgãos da comunicação social inglesa fizeram em relação à actuação da polícia portuguesa, não resisto.

congelado

este funcionário público vai ficar congelado até 2009. congelado na carreira, congelado no empenho também, o que não parece ser grande problema, uma vez que o que vai ser avaliado é o des-empenho. o governo anuncia que com o congelamento das carreiras já poupou 540 milhões de euros. os funcionários públicos respondem que com o seu des-empenho, já pouparam 540 milhões de neurónios.

terça-feira, maio 22, 2007

hergé

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no centenário do nascimento de georges remi, tinha que se falar dele aqui. ficará para sempre conhecido por hergé, o pseudónimo que inventou a partir das iniciais do seu nome e que utilizou para assinar as aventuras do repórter tintin. um dos maiores ícones do século 20, há muito que tintin extravasou as fronteiras da banda desenhada, falando-se frequentemente do projecto sempre adiado de steven spielberg para o passar para o grande ecran, em figuras de carne e osso. tenho a agradecer a hergé a minha grande, enorme, paixão por banda desenhada. quando as aventuras de tintin se tornaram demasiado "grandes" para continuarem a ser publicadas no suplemento juvenil "le petit vingtiéme", hergé fundou "le journal du tintin", revista semanal dedicada exclusivamente à banda desenhada, que publicava as histórias em continuação ao longo de vários números. o sucesso da revista levou a que se multiplicassem as edições noutras línguas e noutros países, e portugal não foi excepção. tinha eu 11 anos quando a descobri, ia ela no sexto ano de publicação. tornou-se um hábito semanal quase tão importante como respirar, ansiava pelo dia de publicação para poder continuar a seguir as histórias. comprei todos os números anteriormente publicados, e enquanto a revista portuguesa foi saindo, foi ritual imprescindível na minha vida enquanto crescia. cada número era lido e relido, tratado com cuidado, e ainda hoje a colecção completa repousa em lugar de destaque nas minhas estantes. com a revista, foi todo um universo de autores que entrou no meu mundo para nunca mais sair. edgar pierre jacobs, paul cuvelier, aidans, jacques martin, dupa, william vance, morris, uderzo, greg, giraud, godard, degroot, hugo pratt, tibet, meziéres, derib, hermann, dany, cosey, will eisner e tantos outros. quando a revista portuguesa terminou, passei a comprar a belga, que na altura ainda se publicava. entretanto surgiu a excelente (à suivre), revista mensal mais virada para um público mais adulto (do qual eu tinha passado a fazer parte por força da roda da vida), que também passei a comprar. ler banda desenhada está-me entranhado tão fundo que nem sei explicar, foi-me incorporado aos 11 anos, naquela tarde, naquele quiosque.

quando hergé morreu em 1983, trabalhava na 24ª aventura do seu repórter, "tintin e o alph'art", que deixou inacabada. a aventura tornou-se mítica, e o seu título deu inclusivamente nome aos prémios atribuídos anualmente no salão de angoulême, os prémios "alph'art", uma espécie de óscares da banda desenhada. por expressa vontade de hergé, a sua obra não podia ser retomada. yves rodier, um jovem desenhador canadiano fã de hergé, pegou clandestinamente no trabalho do mestre, entretando publicado em álbum, e completou-o em 1995, com um traço bastante fiel ao original, mas a fundação hergé recusou e proibiu a sua publicação. quando soube destes factos, há cerca de 10 anos, fiquei cheio de curiosidade, porque o material publicado oficialmente não era bem um álbum de banda desenhada, eram os esboços do mestre, mas lê-lo não dava aquele gozo que se tira de uma boa história desenhada. o que eu não imaginava, era que o trabalho de rodier estivesse disponível na net. mas está, aqui, em versão integral, mas em língua inglesa. acabo de o descobrir e não posso deixar de o partilhar. adivinham-se algumas horas em frente ao computador, embora não seja, de maneira nenhuma, a maneira ideal de ler o tão aguardado 24º álbum das aventuras de tintin.

slide & splash

resta pois, a quem por força da racionalidade e da evidência mais profunda desacreditou de tudo, dos homens e da sua sociedade, viver estoicamente o passar dos dias, usufruindo, com plena consciência da ilusão que impõe a si próprio, os momentos de felicidade que lhe advêm das sensações e da observação das cores, dos sons, das formas, dos gostos e dos cheiros que compõem o quotidiano. seguindo a corrente da entropia. esta atitude nada tem de trágico, apenas lhe permite a fruição pura e simples do facto de estar vivo.

domingo, maio 20, 2007

you just don't understand

homens e mulheres comunicam de maneira diferente, e usam a comunicação com objectivos diferentes? deborah tannen acha que sim e expõe as suas ideias no livro "you just don't understand", editado em portugal com o título "não nos estamos a entender". centrado na ideia de que, ao comunicar, muitas mulheres se centram mais na meta-mensagem da conexão e muitos homens se preocupam mais com a independência e o estatuto (não querendo isto dizer que os homens não se preocupam com a conexão ou que as mulheres não se preocupam com a independência e o estatuto), a autora discorre ao longo de páginas recheadas de exemplos que todos nós reconhecemos. uma análise polémica, dirão alguns, mas com um fundo de verdade. deborah tannen diz que tudo começa na infância, quando meninos e meninas tendem a brincar em grupos do mesmo sexo. nas brincadeiras dos meninos há regras, que frequentemente são modificadas, há líderes, há disputa de estatuto, há vencedores e perdedores. nas das meninas, há mais vezes igualdade de estatuto e frequentemente não há vencedores, todas têm a sua vez, como quando saltam à corda ou quando brincam às casinhas. estas diferenças acompanham depois homens e mulheres pela vida fora, dificultando a comunicação entre os dois sexos, que a autora considera como comunicação intercultural. o não entendimento destas diferenças de estilo e de objectivos é frequente fonte de frustração e de mal entendidos. compreeder o "outro lado", será assim meio caminho andado para que a comunicação seja mais eficaz. a história clássica do casal que segue pela auto-estrada e a mulher pergunta: não queres parar para tomar um café? e o marido responde: não, e continua em frente, é um exemplo. para ele, se ela queria parar, deveria tê-lo dito, para ela, ele deveria ter percebido que ela queria parar.

deborah tannen analisa também a maior tendência dos homens para intervirem no discurso público e das mulheres para intervirem no discurso privado. as queixas frequentes de muitas mulheres de que "ele não fala comigo, mas quando estamos com amigos ele é o centro das atenções", pode ser explicado através da dualidade conexão/estatuto. da análise de deborah tannen, ninguém sai vencedor, nenhum estilo é mais valorizado, o objectivo é reflectir e contribuir para a compreensão do "outro estilo". para exemplificar, alguns excertos:

"ela diz-lhe o que está a pensar e ele ouve-a em silêncio. ela pergunta-lhe o que ele está a pensar e ele demora tempo a responder: não sei. frustrada ela desafia: não tens nada no espírito? para rebecca, que está acostumada a expressar os seus pensamentos e opiniões à medida que lhe chegam, nada dizer, significa nada pensar. mas stuart não considera que os pensamentos que lhe passam pela cabeça sejam coisa importante de dizer. não tem o hábito de falar sobre as suas ruminações mentais, por isso, enquanto rebecca fala naturalmente dos seus pensamentos, ele naturalmente descarta os seus à medida que lhe ocorrem. falar deles dar-lhes-ia mais peso e significado do que ele acha que merecem. toda a vida ela verbalizou os seus pensamentos e sentimentos em conversas privadas com pessoas que lhe são próximas; toda a vida ele descartou os seus pensamentos e os manteve para si próprio."

"achamos que sabemos como é o mundo, e olhamos para os outros para reforçarmos essa convicção. quando vemos os outros agirem e pensarem como se o mundo fosse um lugar completamente diferente do que nós habitamos, ficamos abalados. olhamos para as nossas relações mais próximas como fontes de confirmação e sossego. quando os mais próximos de nós reagem aos acontecimentos de forma diferente da nossa, quando eles parecem ver a mesma cena como parte de uma peça diferente, quando eles dizem coisas que nunca imaginaríamos dizer nas mesmas circunstâncias, o chão que pisamos parece tremer e sentimo-nos subitamente inseguros"

"se os adultos aprendem as suas formas de falar enquanto crianças crescendo em mundos separados, então a conversação entre homens e mulheres é uma comunicação intercultural. apesar de cada estilo ser válido nos seus próprios termos, os mal-entendidos surgem porque os estilos são diferentes. uma aproximação intercultural às conversas masculino-femininas torna possível explicar por que razão as insatisfações se justificam sem acusar ninguém de estar errado ou ser doido. aprender acerca das diferenças de estilo não as faz desaparecer, mas pode eliminar a má interpretação e a culpabilização mútuas."

por mim, estou a achar o livro bastante interessante, e dou por mim a sorrir frequentemente, ao reconhecer episódios que se passam comigo ou que observo ao meu redor. um livro interessante e diferente, óptimo para se ler quando o último livro de ficção que se leu nos deixou uma impressão muito forte, como foi o meu caso com "a sombra do vento".

sábado, maio 19, 2007

reconciliação


sair do trabalho às 5 e meia hora depois estar a mergulhar nas águas límpidas do oceano, numa praia com pouca gente, o sol e o sal a misturarem-se na pele, a frescura do mar, as dunas com a vegetação em flôr, a areia entre os dedos dos pés, o corpo cansado de nadar, mas revigorado por dentro, reconcilia-me com a vida e com esta terra.

quinta-feira, maio 17, 2007

o mundo é já aqui

ovo é um dos projectos emergentes mais interessantes na nova música portuguesa. em termos musicais, porque conseguem construir um som muito próprio a partir de muitos retalhos, mas também em termos de mensagem. dedicado ao meu irmão.

silly season

acabo de fazer a ronda diária dos blogs. fala-se do festival eurovisão da canção e do cão do mourinho. a silly season este ano chegou mais cedo, ou o outro, que dizia que em portugal a silly season dura todo o ano, tinha razão?

quarta-feira, maio 16, 2007

juke box para blogonautas


o und3rblog pode agora ser visitado com música. escolha o som de navegação na barra lateral ou, se preferir, mantenha o silêncio, ou o som que já estava a ouvir quando aqui chegou. espero que a selecção cubra os gostos de quem por aqui navega, agradece-se feedback.

a gerência

terça-feira, maio 15, 2007

da maldade

"Pode confiar-se nas pessoas
más: nunca mudarão"
william faulkner
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sempre me fez grande confusão a maldade, a perfídia. não que eu seja um santo e nunca tenha feito mal a ninguém, mas sempre que o fiz foi por mera insensibilidade pontual, por não pensar em todas as consequências dos meus actos ou por puro desleixo. aperçebo-me no entanto que há pessoas que são movidas por uma maldade genuína, que gastam tempo e energia a planear acções cujo único objectivo é o prazer de ver o sofrimento alheio, revista ele que forma revestir. são pessoas que estão aí, no meio da sociedade, travestidas de honestos cidadãos, muitas vezes perfeitamente integradas no tecido social. pergunto-me frequentemente que traumas, que processos psicológicos, conduzem alguém por estes caminhos da maldade. que perturbações dos afectos estão na base destes comportamentos. será orgânico? apresentarão os cérebros desta gente topografias diferentes, circuitos eléctricos alternativos que não funcionam no vulgar cidadão?

segunda-feira, maio 14, 2007

peter saville - cards, posters and paintings

na sequência do post anterior, outros materiais produzidos pelo designer gráfico peter saville. para dar uma visão mais alargada do trabalho deste senhor. infelizmente não me foi possível datar a quase totalidade das obras. de qualquer maneira, o material promocional haçienda e factory é dos anos 80, a série waste paintings já é deste século.
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cartaz para o clube haçienda

factory promo post card

colour and form, 2003

sister honey

system painting 1

da série waste paintings







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domingo, maio 13, 2007

peter saville - the covers


(clique para ouvir)
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num ano em que muito se tem falado de ian curtis, a propósito do filme "control" de anton corbijn sobre a vida do líder dos joy division, com estreia anunciada para cannes a 17 de maio, apetece recordar o excelente trabalho gráfico de peter saville. co-fundador da editora factory e designer gráfico, foi responsável pela produção das capas de todos os discos dos joy division e dos new order, a banda que renasceu das cinzas dos j.d. após a morte de ian curtis, e de muitos outros artistas. hoje em dia é um designer aclamado (o museu do design de londres expôs uma retrospectiva do seu trabalho em 2003) e a sua actividade estende-se ao mundo da moda, entre outros, mas o seu nome ficará sempre ligado às capas de discos e à manchester dos anos 80.
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joy division, unknown pleasures, 1979
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joy division, love will tear us apart, 1980
joy division, closer, 1980

orchestral manoeuvres in the dark, 1980

bavid byrne/brian eno, my life in the bush of ghosts, 1981

king crimson, discipline, 1981

new order, movement, 1981

ultravox, rage in eden, 1981
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new order, blue monday, 1983

new order, power corruption and lies, 1983

new order, thieves like us, 1984

new order, perfect kiss, 1985

new order, brotherhood, 1986

new order, touched by the hand of god, 1987

new order, true faith, 1987

salvation, soundtrack, 1987

new order, fine time, 1988

gay dad, leisure noise, 1999

gay dad, to earth with love, 1999

suede, head music, 1999

björk, pagan poetry, 2001

new order, international, 2002

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sexta-feira, maio 11, 2007

blessed with all the thunder in the world

para entrar em registo de fim de semana. david sylvian (voz e teclas), robert fripp (guitarra), trey gunn (baixo), pat mastelotto (percussão), michael brook (guitarra), road to graceland tour, 1993, japão.

Riverman

I see your eyes light up like fire
It's medicine to me
But as the hunted live their lives
You're keeping out of reach
So I keep running, falling
Till I reach the water
Run with me holyman
But when I reach out
I find I'm standing right beside her
Now we're living
Blessed with all the thunder in the world

Now, should you ask me to come home
To wake up from the sleep
Like a boat inside a storm
Is there no hope for me?

So I keep running, falling
Wade into the water
Run with me riverman
But when I reach out
I find I'm standing right beside her
Now we're living
Blessed with all the thunder in the world

So I keep running, falling
Till I reach the water
Run with me holyman
But when I reach out
I find I'm standing right beside her
Now we're living
Blessed with all the thunder in the world.

ele cobra sempre as suas dívidas


a madeira chega-se à frente para disputar com o entroncamento o primeiro lugar no pódio dos lugares portugueses com mais fenómenos raros. depois desse raríssimo fenómeno que é alberto joão jardim e as suas sucessivas maiorias, apesar da sua boçalidade, eis que nos deparamos com o encerramento do aeroporto do funchal devido a um raro fenómeno atmosférico, um denso nevoeiro. cá para mim, cheira a enxofre...

quinta-feira, maio 10, 2007

pilhagem #2

No início, somos todos guias turísticos de nós mesmos, conduzindo quem chega apenas ao melhor de nós: centro histórico, lugares curiosos, as imagens prontas a ser fotografadas para os postais, longe de todas as ruínas e regiões ao abandono. Se decidirem imigrar para cá e conhecer a realidade inteira, já não é da nossa responsabilidade.

pilhado daqui

quarta-feira, maio 09, 2007

constatação #15

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o poder é a posse das faculdades ou dos meios necessários para fazer os outros homens contribuirem para as nossas próprias vontades. o poder legítimo é aquele que determina os outros a se prestarem aos nossos objectivos pela ideia da sua própria felicidade: esse poder não passa de uma violência quando, sem nenhuma vantagem para o próprio, ou mesmo para seu prejuízo, obriga a que se submeta à vontade dos outros.

paul henri d'holbach, filósofo francês, 1723-1789

terça-feira, maio 08, 2007

em contraciclo

sinto-me em contraciclo com as tendências actuais da política, é sabido que a história se processa em movimentos pendulares. a vitória de sarkosy é uma vitória das técnicas de manipulação de massas e da propaganda sobre a comunicação, como alguém escreveu, mas é também a vitória dos que acreditam que o exercício do poder deve ser musculado. pessoalmente, não gosto e acho que não preciso que me digam o que devo fazer, que me imponham autoridade e moral. a autoridade só é necessária quando alguém se recusa a dar o seu contributo para o todo que constitui uma sociedade, e a moral, bem, essa, cada um tem a sua, desde que não invada terrenos alheios. não sou francês, mas a tendência prolifera um pouco por toda a união europeia. nicolas sarkosy é um confesso admirador das reformas levadas a cabo pelo governo português, embora a esfera ideológica (se é que isso ainda existe) donde provêm seja, teoricamente, muito diferente. é evidente que o estado social europeu está em falência, que na prática muitos erros e muitos abusos foram cometidos. de alguma maneira proliferam aqueles que destas sociedades só querem retirar e partilhar os direitos, as liberdades e as garantias, mas quando se chega ao capítulo dos deveres e dos contributos, acham que isso é para os outros e que o estado deve ser mãe abnegada que tudo permite e tudo atura à sua prole. uma legião de parasitas do sistema, funcionários que não funcionam, desempregados que não querem emprego, viciados em prestações da segurança social.
sempre acreditei, ingenuamente suponho, que um país, uma cidade, qualquer grupo de pessoas mais ou menos alargado, funciona quando cada um dos seus elementos tem prazer e interesse no seu contributo para o bem estar comum. foi assim que me fiz funcionário público, sem ligar sobremaneira a proventos, pela satisfação de contribuir com o meu trabalho e a minha especificidade para o bem estar comum. romanticamente, como se trocasse as batatas que produzo, pelas galinhas que alguém cria. é no fundo essa a origem do dinheiro. cedo me apercebi, porém, que consciência, solidariedade, capacidade de auto-crítica e de auto-regulação não foram distribuídas em partes iguais por toda a gente.
o que mais me incomoda no meio disto tudo é que há um fundo de razão para o exercício do tal poder musculado. e que esse fundo de razão seja utilizado para retirar apoios a quem deles realmente precisa, o velho princípio de pagar o justo pelo pecador. que se reduzam ou retirem apoios a grupos sociais desfavorecidos e sem expressão eleitoral e que as maiorias, que no fundo apenas querem conservar previlégios seja à custa de que esquemas fôr, aplaudam de pé. temo por tempos em que palavras e conceitos como solidariedade, partilha, comunidade e altruismo passem definitivamente à categoria de arcaísmos.

segunda-feira, maio 07, 2007

constatação #14

ontem perdi duas eleições sem ter tido oportunidade de votar.

post do dia da mãe

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era para ter postado estes cartoons ontem, mas quando se partilha o p.c. com o resto da família, não se pode ter tudo...
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