quinta-feira, junho 28, 2007

regressar ao cimo

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constatação #19

quando perdemos o controlo fazemos estragos. o piloto automático não está programado para navegação turbulenta.

quando a vida se torna difusa

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segunda-feira, junho 25, 2007

cidadão strikes back

numa sociedade cada vez mais agressiva economicamente, as técnicas de marketing directo têm evoluído duma forma quase absurda, constituindo actualmente autênticas invasões de privacidade. às horas mais impróprias, as empresas sentem-se no direito de telefornar-nos para casa e tentarem impingir-nos os seus produtos. as campeãs, pelo menos por estas paragens, parecem ser a portugal telecom e a tv cabo, se bem que os cartões de crédito se tenham vindo a esforçar arduamente para atingir o lugar cimeiro da tabela. igualmente, as caixas de correio são alvo sistemático de ataque, toneladas e toneladas de papel, algum da melhor qualidade, que vão directamente para reciclar, pelo menos cá em casa. às vezes tenho a impressão de que olham para mim, apenas como se fosse um conta bancária, obrigada a esvaziar-se para sustentar todo um mundo desumanamente absurdo. digo sempre que não estou interessado, com maior ou menor delicadeza conforme a disposição. como cidadãos actuantes e fazendo parte integrante da sociedade temos uma palavra a dizer e, porque não, trocarmos as voltas à lógica do sistema. duas dicas recebidas por e-mail podem ter alguma eficácia. para marketing telefónico, dizer apenas "um momento por favor" e irmos à nossa vida, deixando o telefone fora do descanso. deixarmos a empresa que nos telefonou gastar o máximo possível. para marketing via correio, particularmente para aquelas empresas que nos enviam um envelope rsf, é devolver o envelope, mas sem subscrever o serviço que nos tentam impingir. a empresa paga os portes, sem nenhum benefício. podemos dar largas à nossa imaginação e enviar nesses envelopes o folheto da pizzaria, publicidade recebida de outras empresas, tampas de iogurtes, lixo variado.

sábado, junho 23, 2007

o clube dos 7 reloaded


eu não disse? é moda mesmo! agora são as 7 maravilhas da blogosfera, ideia lançada pelo sentido das coisas. quem quiser, é ler o regulamento e esclarecimentos adicionais. não é uma corrente, não é para colar o selinho no canto do blog, como eu já vi por essa blogosfera fora, é apenas uma competição. quem quiser vota, tenha sido nomeado ou não. este canto perdido da blogosfera (ou será blogoesfera?) foi nomeado por um dos seus 7 leitores e resolveu participar nas nomeações, embora, repito, não se trate de uma corrente. escolhi blogs que me encantam por uma razão ou outra. há criativos, caçadores e recolectores. nem todos são dos que visito mais frequentemente. e os nomeados são:








quinta-feira, junho 21, 2007

solstício

nigel kennedy com a english chamber orchestra

constatação #18

tal como em qualquer sociedade, podemos dividir os autores de blogs em criativos, caçadores e recolectores.

quarta-feira, junho 20, 2007

entre o alvo e a seta

aquele era o tempo em que as mãos se fechavam e, nas noites brilhantes, as palavras voavam. e eu via que o céu me nascia nos dedos, e a ursa maior eram ferros acesos, marinheiros perdidos em portos distantes, em bares escondidos, em sonhos gigantes, e a cidade vazia da cor do asfalto, e alguém me pedia que cantasse mais alto. aquele era o tempo em que as sombras se abriam, em que homens negavam o que outros erguiam, e eu bebia da vida em goles pequenos, tropeçava no riso, abraçava venenos. de costas voltadas não se vê o futuro, nem o rumo da bala, nem a falha no muro, e alguém me gritava, com voz de profeta, que o caminho se faz entre o alvo e a seta. de que serve ter o mapa se o fim está traçado? de que serve a terra à vista se o barco está parado? de que serve ter a chave se a porta está aberta? de que servem as palavras se a casa está deserta?
quem me leva os meus fantasmas, quem me salva desta espada, quem me diz onde é a estrada?


longe vão os tempos de fascínio pelo p. abrunhosa, quando "viagens" surgiu como pedrada no charco no panorama musical. actualmente, musicalmente não lhe acho grande interesse, mas hoje, esta letra, poema, como lhe quiserem chamar, tem muito a ver com o meu estado de espírito.

segunda-feira, junho 18, 2007

domingo, junho 17, 2007

poder criativo

nenhuma outra característica do bicho-homem me interessa tanto como o seu poder criativo. não será pois de admirar que os meus "heróis" e as minhas referências como ser humano tenham sido sempre artistas ou cientistas. interessa-me muito mais a história das ciências e das artes do que a perspectiva histórica geopolítica. não hesito nem um momento antes de afirmar que galileu ou leonardo da vinci, picasso ou parteur são figuras de muito maior relevo do que carlos v, napoleão, winston churchill ou de gaulle. leni riefenstahl muito maior do que hitler. da mesma maneira, fazer ritmos com bolas de basketball afigura-se-me muito mais interessante e importante do que presidir a uma assembleia geral das nações unidas ou à reunião do conselho de administração de uma grande multinacional. tenho o mais absoluto desprezo pelo exercício do poder e por quem faz dele um objectivo, um modo de vida. é o poder criativo que faz realmente a humanidade avançar.

sexta-feira, junho 15, 2007

constatação #17

a felicidade não consiste em fazer o que gostamos, mas em gostarmos do que fazemos.
noel clarasó, escritor espanhol, 1905-1985

quarta-feira, junho 13, 2007

bomba gay

"projecto militar queria construir ‘bomba gay’. uma organização em berkeley que controla os gastos militares diz ter descoberto uma proposta para criar uma bomba hormonal que provoca comportamentos homossexuais. o objectivo desta ‘bomba gay’ seria fazer com que os soldados inimigos se tornassem homossexuais e que desta forma a atenção dos militares se focasse no sexo e não nos combates, tal como noticia a CBS 5. o pentágono confirmou que líderes militares consideraram construir esta arma ‘alternativa’ mas acabaram por rejeitá-la."

se hoje fosse 1º de abril, estava tudo explicado. mas não, a notícia arrisca-se mesmo a ser verdadeira, segundo noticia o jornal sol. depois desta, nada mais me surpreenderá desde que venha das terras do tio sam!

a única conclusão a que chego

"A própria cidade me parece um exemplo da mais alta insanidade - tudo nela: esgotos, linhas de comboio aéreo, máquinas caça-moedas, jornais, telefones, polícias, puxadores de portas, bordéis, papel higiénico, tudo. Não faria diferença alguma se nenhuma dessas coisas existisse; além de não se perder nada, ganhava-se um universo inteiro. Olho para as pessoas que passam por mim para ver se alguma concordará, por acaso, comigo. E se interceptasse uma e lhe fizesse uma simples pergunta? E se lhe perguntasse, apenas: Porque continua a viver da maneira que vive? Provavelmente chamaria um polícia. Pergunto a mim próprio; alguém falará consigo mesmo como eu falo comigo? Pergunto-me se haverá alguma coisa errada em mim. A única conclusão a que chego é que sou diferente. E isso é uma coisa muito grave, seja qual for a perspectiva de que a vejamos."

henry miller, trópico de capricórnio

terça-feira, junho 12, 2007

dulle griet

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partindo do quadro "dulle griet" de pieter brueghel, reproduzido acima, hermann (desenho) e yves h. (argumento) assinam o mais belo episódio da série "bois-maury", injustamente desprezada entre nós, com edição muito irregular, mas que a editora vitamina bd parece agora ter abraçado, como aliás tem feito com a maior parte das obras mais recentes de hermann. uma história passada nos tempos da santa inquisição, com o diabo e a ganância à solta. acção centrada numa pequena cidade belga por onde pieter brueghel passeia como observador dos dramas e da loucura de um tempo em que a lei do inquisidor se sobrepunha a tudo e a todos. entre a realidade e o onírico, hermann pinta com a habitual maestria uma narrativa soberba, com personagens trágicos, fascinantes na sua humanidade, enredados nas malhas de um tempo obscuro e cruel. "bois-maury" é uma série de histórias em banda desenhada centrada na linhagem dos bois-maury, descendentes do cavaleiro aymar. histórias autónomas passadas na alta idade média, focadas no povo anónimo e nos seus hábitos e modos de vida, servidas por um excelente enquadramento documental. hermann continua, sem dúvida, a ser um dos mestres da banda desenhada actual, com uma técnica de pintura e de planificação narrativa que me arrebatam a cada nova obra. escusado será dizer que aconselho vivamente.

sábado, junho 09, 2007

6 biliões de outros

olhei ao longe
vi qualquer coisa que se mexia
aproximei-me
vi um animal
aproximei-me mais um pouco
vi um homem
aproximei-me mais um pouco
vi que era meu irmão
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é com este antigo ditado tibetano que yann arthus-bertrand, conhecido pelo seu trabalho como fotógrafo aéreo e que tem editado alguns dos mais belos livros de fotografia sobre o planeta terra, apresenta o seu projecto "6 biliões de outros", no site da goodplanet.org. diz ainda arthus-bertrand: "a terra vista do céu" transformou-me. 10 anos de voos por cima do planeta não deixam ninguém intacto. fui naturalmente muito marcado pela beleza da terra, mas sobretudo pela ausência de fronteiras vistas do céu. o contraste é notório entre as dificuldades que conheci ao longo das minhas reportagens para obter as autorizações de voo, para passar as fronteiras com o material fotográfico, e a imaterialidade desses mesmos limites vistos do céu. é uma terra a partilhar, mas não conseguimos fazê-lo. ela é nossa, de todos nós, embora em toda a parte no mundo haja gente pronta a morrer e a matar por uma parcela. daí nasceu a minha obsessão de querer compreender porque não conseguimos viver juntos, co-existir".
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o projecto nasceu em 2003, com o objectivo de reunir testemunhos de gente das mais variadas origens sobre temas que nos interessam a todos, descobrir como as vivências influenciam a identidade de cada um, compreender o que nos separa e o que podemos partilhar.
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o resultado de algumas dessas entrevistas está disponível aqui. vale a pena ouvir como somos tão semelhantes e tão diferentes ao mesmo tempo. em 2008, ano em que termina o projecto, será possível ouvir todos os testemunhos recolhidos e juntar o nosso próprio directamente no site.

quinta-feira, junho 07, 2007

forma e conteúdo

embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo
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antónio aleixo
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antónio aleixo mal sabia ler e escrever, mas isso não o impediu de ter uma visão crítica dos homens e do mundo. vivemos numa sociedade que confunde frequentemente formação académica com sabedoria e inteligência. é verdade que ler, estudar, a própria vida académica com toda a riqueza de vivências que proporciona, estimulam os neurónios, mas saber ultrapassar as exigências da formação secundária ou universitária não é de maneira nenhuma sinónimo de inteligência ou sabedoria. alguns dos meus melhores amigos, com quem consigo ter conversas verdadeiramente interessantes, não têm grande formação escolar. alguns dos meus colegas, com formação superior, são das pessoas menos cultas e menos sábias que conheço, no entanto em termos sociais consideram-se bem acima de quem não tem um curso universitário. nada disto me admira, numa sociedade que valoriza mais a forma do que o conteúdo. a cultura e a sabedoria nada têm a ver com o grau de formação académico. é algo que é inerente ao indivíduo, tem a ver com a capacidade de observação, de questionar, de pensar e chegar a conclusões próprias. tem a ver com a curiosidade, com o interesse por si próprio e por aquilo que nos rodeia. muitas pessoas nunca questionam, bebem a cartilha social por inteiro, de um só gole, como se fosse a única perspectiva possível. na verdade nada aprenderam, apenas decoraram. é que há uma diferença entre aprender e decorar. grande, muito grande.

terça-feira, junho 05, 2007

o clube dos 7

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está na moda, não haja dúvidas. com a eleição das novas 7 maravilhas do mundo, com espectáculo previsto para lisboa em 2007.07.07, portugal aproveitou para eleger também as suas 7 maravilhas. embora a selecção seja altamente discutível, até aqui tudo bem. agora, eis que surge o jornal "o jogo" que pretende eleger os 7 melhores desportistas portugueses de sempre. o und3rblog vai mais longe e lança desde já o desafio à "caras" ou à "vip" para lançarem o eleição das 7 melhores cirurgias plásticas de sempre das dondocas portuguesas, ao "correio da manhã" para os 7 maiores crimes de faca e alguidar de sempre, à "maria" para as 7 cartas de leitoras mais abjectas de sempre, à ordem dos advogados para os 7 mais mentirosos de sempre, à d.g.c.i. para as 7 maiores fugas aos impostos de sempre, à tvi para os 7 piores programas de t.v. de sempre e ao major valentim loureiro para os 7 melhores electrodomésticos de sempre. aceitam-se sugestões para mais eleições e respectivos organizadores.

segunda-feira, junho 04, 2007

constatação #16

não existe nobreza sem generosidade, assim como não existe sede de vingança sem vulgaridade.
joseph roth, escritor austríaco, 1894-1939

domingo, junho 03, 2007

the deep book

a natureza não pára de nos surpreender. estas imagens são retiradas do livro "the deep: the extraordinary creatures of the abyss", compilado por claire nouvian, uma jornalista, produtora e realizadora que se deixou encantar pela beleza dos seres das profundezas oceânicas. há quem diga que é o livro de fotografias sobre os oceanos mais belo de sempre. a julgar por esta pequena amostra das mais de 200 fotografias, acredito que sim. o site oficial do livro também é de um bom gosto irrepreensível. agradeço à idadedapedra pela dica.
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(clique nas imagens para as ver em tamanho grande)
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regresso mais que esperado

a fantástica cinematic orchestra de jason swinscoe está de regresso, 4 anos após "man with a movie camera". "to build a home" abre o excelente "ma fleur", um disco completamente viciante. a ouvir em modo "repeat".

sábado, junho 02, 2007

inquietação

acabo de reparar que o nº de posts com a etiqueta "portugueses" igualou o nº de posts com a etiqueta "música". sendo a música uma das minhas paixões, isto inquieta-me. quer dizer que ando novamente demasiado ligado ao mundo comezinho, a reflectir sobre as imperfeições do bicho-homem e sobre a desorganização deste país, coisa que, como hábito de higiene de vida, evito ao máximo. já reflecti, já questionei, já desesperei o suficiente para uma vida inteira, não vale a pena perder mais tempo com isso. o mundo é, a sociedade é, e o meu poder de intervenção é diminuto, há muitos anos que passei do "eu quero mudar o mundo" para o "eu quero que o mundo não me mude". isto digo eu para mim próprio, mas os absurdos da realidade levam-me sempre de volta à indignação, à ironia, ao não há pachorra.

sexta-feira, junho 01, 2007

tiro certeiro

farto de aturar o markl nas manhãs da 3, voltei a ouvir com mais frequência a t.s.f., a única chatice é ter que aguentar com os blocos publicitários. em termos de humor, os "cromos t.s.f." são mil vezes superiores ao markl, e ainda se ouvem algumas crónicas de qualidade, como a da joana amaral dias. a crónica de hoje, sobre a greve geral, teve um final de mestre, qualquer coisa do género: se, como afirmou alguém do governo, esta greve pouco teve de geral, é bom dizer-se que este governo pouco tem de democrático e absolutamente nada tem de socialista.

dia mundial da criança

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neste dia mundial da criança, muitas criancinhas vão ter mais um presentinho para juntar à pilha dos brinquedos esquecidos a um canto e vão fazer as suas birrinhas manipulatórias. encurralados entre as exigências dos seus meninos e a guerra comercial que transformou este dia em mais um dia para se oferecer uma coisa a alguém, os papás, com um brilhozinho tolo nos olhos, vão ficar a olhar para os seus meninos e a pensar que eles são a coisinha mais querida, mais linda, mais fofa e incrível que alguma vez viram. dos outros, dos meninos que cedo provam as agruras da vida e aprendem que ela nem é fácil nem justa, muito poucos se vão lembrar.