segunda-feira, fevereiro 12, 2007

nem sim nem não, tanto faz. (ou talvez não seja bem assim)

os portugueses decidiram, está decidido. com a abstenção técnica estimada entre os 5 e os 7%, fica no ar a dúvida se efectivamente mais de metade dos inscritos nos cadernos eleitorais, e em condições práticas de votarem, não exerceu o seu direito. não é que daí venha alguma diferença significativa dos efeitos do referendo, mas é difícil perceber porque é que os cadernos eleitorais não vão sendo actualizados à medida que as pessoas morrem, ou porque é que é necessário um cidadão recensear-se quando atinge a maioridade, e não é automaticamente incluido. a informática serve também para estas coisas, não é preciso ser muito inteligente para isto ser óbvio. adiante, deixemos os eleitores fantasma de parte, ninguém sabe ao certo quantos são.

a maioria dos portugueses decidiu que não queria saber do assunto. como em tantas outras coisas, os outros que decidam, quero eu lá saber, não me vou dar ao trabalho de levantar o cu do sofá, ainda se fossem saldos ou um jogo de futebol... quando a meio do dia se projectou a abstenção na ordem dos 63%, fui apanhado de surpresa. na minha ingenuidade, nunca tinha pensado num cenário em que o resultado não fosse vinculativo. depois de tanto argumento, tanto debate, tanta celeuma, pensei que os portugueses estivessem mobilizados para votarem e defenderem as suas convicções. o que talvez me tenha escapado é que para votar neste referendo era preciso ter convicções, ideias, conceitos, raciocínios, e o que me esqueci é que convicções, ideias, conceitos, raciocínios, não são propriamente atributos valorizados socialmente cá no burgo. mais uma vez a maioria dos portugueses disse que está cá para pastar e ver passar os comboios, para que os outros pensem e decidam por eles, para não se compremeterem, não vá a coisa dar para o torto e depois terem também responsabilidade no assunto. assim podem sempre continuar a dizer mal de tudo e de todos, alegremente desresponsabilizados da vida e das decisões colectivas.

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