terça-feira, setembro 11, 2007

contributos para um 11 de setembro de qualidade







quando a 15 de setembro de 2001 o maestro leonard slatkin dirigiu a orquestra da b.b.c. neste "adagio for strings" de samuel barber, em homenagem às vítimas dos atentados ocorridos 4 dias antes, criou-se um novo requiem. barber, compositor norteamericano falecido 20 anos antes, fornecia assim banda sonora para o lamento e o desânimo, para a dor de uma nação. o 11 de setembro acabou abruptamente com a miragem de um novo século em paz, precipitou uma escalada de tensões e forneceu argumentos aos senhores da guerra para que ela voltasse a fazer parte do nosso quotidiano. toda a gente se recorda exactamente de onde estava e o que estava a fazer quando as televisões invadiram todos os espaços com as imagens de um povo e das torres em agonia. toda a gente se recorda de onde estava quando despertou para uma nova realidade global e descobriu que aviões civis podiam ser transformados em armas letais. não foi apenas a américa que foi atingida, foi todo um modus vivendi que foi abalado. não sejamos hipócritas. por muito críticos que sejamos em relação aos estados unidos e ao papel que reclamam para si na ordem mundial, um pouco de nós morreu também naquele dia, à medida que os corpos choviam das torres e as cinzas tomavam conta de tudo. nada justifica a barbárie a que assistimos.

o que se seguiu, todos nós sabemos. a pior administração norteamericana de que temos memória a fazer uso dos argumentos mais falaciosos e de todas as técnicas de manipulação, mantendo um povo refém do medo e da insegurança, e tentando estender essa manipulação a toda uma civilização.

uma pessoa é uma pessoa, e a morte de uma pessoa é a morte de uma pessoa. a vida de um norteamericano não vale mais do que qualquer outra vida. ao longo destes seis anos já houve muitos dias em que morreram, em circunstâncias violentas, mais do que as 2863 vítimas dos atentados do 11 de setembro. mortos anónimos e sem rosto. asiáticos, que aos nossos olhos de ocidentais são todos iguais; iraquianos, que todos os dias voam aos pedaços; africanos famintos. vivemos num mundo de hipocrisias. porque relembramos uns e esquecemos outros? as imagens que se seguem fazem parte de uma campanha da m.t.v. que foi proibida pelo governo norte-americano, e é fácil perceber porquê. não encaixam nos esquemas manipulatórios e de martirização oficiais. deixam a nú as hipocrisias.

2863 morreram. há 630 milhões de sem-abrigo no mundo. o mundo uniu-se contra o terrorismo. já se deveria ter unido contra a pobreza.

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2863 morreram. 824 milhões de crianças passam fome em todo o mundo. o mundo uniu-se contra o terrorismo. já se deveria ter unido contra a fome.


2863 morreram. há 40 milhões de infectados pelo vírus h.i.v. em todo o mundo. o mundo uniu-se contra o terrorismo. já se deveria ter unido contra a s.i.d.a.

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2 comentários:

astuto disse...

Será que as pessoa não valem o mesmo em qualquer local do mundo?

eskisito disse...

Por muito que eu tenha contra a MTV pelo que fazem à música, mas esta campanha foi fabulosa.
Os homens são o que são, mas ao que parece os americanos do norte são os melhores.
Um abraço