sexta-feira, fevereiro 02, 2007

não mexam no meu queijo

semana cansativa esta. tenho o serviço em obras. barulho de paredes a serem partidas, entulho a ser escoado por uma janela, tecto falso esventrado, fios e canos expostos e pendurados, milhentos aparelhos amontoados, sacos e sacos de tralha a saírem constantemente, invasões sucessivas de operários e carregadores, cacifos amontoados e desordenados. e no meio disto tudo uma equipa de profissionais que mantém a estrutura a funcionar, em condições precárias e temporárias, o improviso de novos circuitos e métodos.

trabalho num laboratório integrado num edifício com quase 30 anos e que nunca tinha sofrido qualquer remodelação. por laxismo, por desinteresse de chefias máximas e intermédias, por comodismo. quando falo em nenhuma remodelação, falo em remodelações de espaço, de orgânica, de distribuição de tarefas. apenas se foi actualizando tecnicamente. a mudança de chefia intermédia, motivou uma série de remodelações. tardia, a maior parte delas. o meu anterior director, cuja reforma foi uma das coisas boas 2006 e no cargo por mais de uma década, limitou-se a manter a estrutura herdada, deixando-a deteriorar-se até ficar quase irreconhecível, obrigando a maior parte das pessoas a entrar em autogestão. muitas vezes sem qualquer coordenação entre si.

trabalho, portanto num serviço em convulsão. as remodelações sucedem-se, as águas agitam-se. curioso assistir a pessoas, que antes criticavam o status quo, incomodadas por estas alterações. no fundo estavamos todos adaptados ao sistema. muitos criticavam mas na realidade não queriam que as coisas funcionassem, nem que fosse porque essa era a sua melhor desculpa para eles próprios não funcionarem também. ou funcionarem a meio gás. a maior parte estava adaptada à autogestão, com tudo o de mau e o de bom que isso significa, era preciso sobreviver.

curioso assistir, no meio da confusão, a pessoas verdadeiramente incomodadas porque o SEU cacifo (para muitos uma verdadeira extensão da sua casa, o seu espaço privado no espaço colectivo que é um local de trabalho) não se encontrava no local habitual. curioso também assistir a pessoas, que supostamente deveriam estar superactivas a coordenarem partes deste processo de desmantelamento e reconstrução, quase paralisadas e sem saberem por onde começar. curiosa, finalmente, a enorme vontade de rir que me dá, no meio da barafunda, quando paro por momentos e me ponho simplesmente a assistir.

3 comentários:

Unknown disse...

A parte do comentário no blogue da Isabela que se referia a ti tinha uma intenção irónica, não acho que sejas machista.

nelio disse...

ok luis. folgo em saber. não compreendi o tom irónico.

Unknown disse...

é natural tu não me conheces ...