sábado, maio 31, 2008

plaza mayor, palma de mallorca

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fotografia de nélio filipe
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excertos dos cadernos de viagem do famoso explorador nélio na sua expedição a palma de mallorca #4

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quinta-feira, 22 de maio de 2008

só boas surpresas.

palma de mallorca, que eu pensava ser apenas uma estância turística, revela-se uma cidade cheia de história e interesse.

o congresso não é mau de todo, os espanhóis basicamente têm os mesmos problemas que os portugueses, mas debatem-nos de uma maneira completamente diferente. o simples facto de se tratarem todos por tu facilita a comunicação e coloca todos os interlocutores ao mesmo nível. não vejo por aqui nenhuma daquelas eminências pardas que se passeiam com ar altivo pelos congressos portugueses, aqueles à volta dos quais os jovens ambiciosos fazem um círculo de beija-mão. os trabalhos do congresso decorrem com fluência e sempre com sumo. há orgulho nos trabalhos, mas a vaidade é muito pouca. a troca de experiências é abundante e o desejo de construir em conjunto é evidente. debate-se ciência fundamental, mas também aspectos muito práticos de organização. objectivos práticos e como atingí-los.

o grupo de portugueses de que faço parte também não está mal. é inevitável nestes grupos falar-se de viagens, das partes do mundo que cada um conhece, de histórias rocambolescas. dos filhos e dos problemas profissionais. o convívio tem sido bom, apesar de termos todos acabado de conhecer-nos. normalmente fujo desse convívio para não aturar gente pedante que olha por cima do sobrolho. detesto histórias de quem conta com todos os pormenores a sua estadia no hotel do gelo na lapónia e nos "diz" entre sorrisos "eu já lá estive e tu não".

sexta-feira, maio 30, 2008

quinta-feira, maio 29, 2008

und3rmusic #14 the seldom seen kid

the seldom seen kid é o quarto trabalho de longa duração do colectivo elbow. música intemporal. os elbow não têm qualquer problema em serem escandalosamente melodiosos. os elbow não inventam nada de novo, não trilham novos caminhos nem apresentam novas sonoridades, mas são extremamente eficazes, contidos, cuidados. harmonias sem xarope, cadências (re)conhecidas. a voz de guy garvey tem charme, balanço e um timbre que oscila entre as melhores vocalizações de peter gabriel e um crooning displicente. esta é uma banda madura e inventiva que presta tributo e se insere na melhor tradição da música pop britânica, em busca da canção perfeita (the fix anda muito lá perto), redispondo com o seu bom gosto retalhos, elementos, ambiências, conceitos. esta é a minha primeira abordagem ao universo elbow e estou rendido. parto à procura dos registos anteriores com muita curiosidade.




the bones of you






the fix






friend of ours


excertos dos cadernos de viagem do famoso explorador nélio na sua expedição a palma de mallorca #3

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quarta-feira, 21 de maio de 2008

aos vinte e cinco minutos de espera dentro do avião, o comandante, que eu ainda não sabia que era o comandante, fala pelo sistema de som, em alemão, durante tempo considerável. vejo a expressão consternada dos meus fellow travelers e cresce em mim a ansiedade. quando chega a versão em inglês fico a saber que algum funcionário do check-in se enganou e enviou para aquele voo passageiros que deveriam ir para outras paragens. o compasso de espera, revela o comandante que eu agora já sei que é o comandante, é o tempo de evacuar os passageiros enganados e de encontrar no porão, no meio das malas de toda aquela gente que fala como se estivesse a beber café a ferver, as malas que não deveriam, nunca deveriam, ter ido parar àquele avião. não se sabe quanto tempo vai demorar a demanda. afinal é rápido. pouco depois chega a informação de que as malas, as malditas malas, já foram evacuadas e podemos partir. primeiro em alemão, depois em inglês. este é um voo de portugal para espanha e as informações chegam primeiro em alemão, depois em inglês.

quarta-feira, maio 28, 2008

excertos dos cadernos de viagem do famoso explorador nélio na sua expedição a palma de mallorca #2

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quarta-feira, 21 de maio de 2008

a sala de embarque abre apenas dez minutos antes da hora de embarque. entretanto, o gado, que fala como se estivesse a beber café a ferver, acumula-se no corredor em volta das portas de correr que teimam em manter-se fechadas. senta-se em qualquer lado, no chão, nos corrimões, em todas as reentrâncias, atrapalhando a passagem dos passageiros que se dirigem às salas mais à frente. separam-nos das cadeiras confortáveis da sala de embarque, enormes paredes envidraçadas através das quais olhamos, com o mesmo olhar que as crianças ostentam quando olham para as montras cheias de doces. dez minutos antes da hora de embarque, as assistentes de terra encaminham-se para as portas de correr. devagar, vagarosamente, lentamente, conversando entre si. trivialidades. sem desviarem o olhar passam por entre o gado, digitam o código de acesso e as portas, as malditas portas, abrem-se de par em par. é então que penso que as assistentes são tão simpáticas, tão eficientes, que apetece esbofeteá-las.

excertos dos cadernos de viagem do famoso explorador nélio na sua expedição a palma de mallorca #1

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quarta-feira, 21 de maio de 2008

que faço eu num avião cheio de alemães que falam como se estivessem a beber café a ferver? certamente é isto a europa que tanto se apregoa. voar de faro para palma de mallorca, de portugal para espanha, numa companhia com nome de capital alemã, num avião cheio de alemães. a europa é isto. observo estes alemães e, não fosse a maior prevalência do olho azul e do cabelo palha, poderiam ser portugueses. somos tão parecidos. o povo, o povinho, é todo igual. as atitudes, os trejeitos, a indumentária, os jornais desportivos e as revistas cor-de-rosa, a irrequietude das crianças, as mães preocupadas e vigilantes, os pais aparentemente alheios mas sempre controladores.

na loja de revistas do aeroporto de faro há uma estante de discos com oito prateleiras. cinco com discos da mariza, duas e três quartos com discos da amália e o quarto restante com discos da teresa salgueiro. rodrigo leão, a naifa, camané, dead combo, certamente melhores embaixadores da portugalidade do século 21, estão pura e simplesmente ausentes. somos mesmo maus a promover-nos.

quarta-feira, maio 21, 2008

até já

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nos próximos dias vou andar por aqui.

segunda-feira, maio 19, 2008

dilema

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gosto tanto dos 3 primeiros filmes que estou com um medo terrível de ir ver este. o imaginário de indiana jones apanhou-me naquela fase de crescimento em que temos ídolos a sério, personagens que queremos ser quando formos adultos e cujas características acabamos por incorporar na nossa personalidade à custa do esforço de imitação. o humor, a nobreza de carácter, a coragem e uns pós de trapalhice. o medo de ver este, começa logo pelo título, que me soa a pastiche, a triste cópia de si mesmo. e se eu não gostar de um filme do indiana jones, como vou conseguir viver com isso? é que não ir ver está absolutamente fora de questão, conseguia lá eu resistir a esse apelo juvenil...

domingo, maio 18, 2008

um post estilo josé luís peixoto

hoje precisava de uma infusão contínua de cafeína.
hoje precisava de uma infusão contínua de cafeína.
a sensação é: apenas metade das sinapses estão funcionantes: apenas metade dos circuitos estão funcionantes. a sensação é: tenho sono: dormi pouco: não dormi o suficiente.
hoje precisava de uma infusão contínua de cafeína.



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dancing house

há muito tempo que a arquitectura não passava aqui pelo und3rblog. e tanto que eu gosto de arquitectura, de edifícios estranhos e da criatividade dos arquitectos que desafiam a lógica estética do paralelipípedo. a dancing house, também conhecida por fred and ginger, uma vez que foi inspirada nas figuras de fred astaire e ginger rogers, é um projecto de colaboração entre os arquitectos vlado milunic e frank gehry. foi construida entre 1994 e 1996, em praga, república checa. delírio criativo.
















fotografias roubadas aqui e aqui.




sábado, maio 17, 2008

kitchen concept

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sexta-feira, maio 16, 2008

und3rmusic #13 silence

há discos a que sabe bem regressar depois de uns tempos de interregno. white chalk de p.j. harvey é um deles. uma total renovação no som de polly jean, um disco cheio de sons encantatórios onde a aparente simplicidade das músicas esconde emoções arrancadas das entranhas. silence.



quinta-feira, maio 15, 2008

gente vulgar

VIII

inácio sempre sonhou com uma vida perfeita, mas, por força da educação, a única coisa que conseguiu foi uma vida pré-feita.

quarta-feira, maio 14, 2008

cinco éfes

na segunda foi o dia do futebol, com o anúncio dos seleccionados. na terça o dia de fátima e dos milhares de peregrinos. hoje deveria ter sido o dia do fado, para se cumprirem os 3 éfes fatídicos que defeniram (definem?) portugal. mas em vez disso, apanhámos com um quarto éfe, de fumo. sua excelência o primeiro ministro foi apanhado a fumar no voo lisboa-caracas. ó escandaleira, aqui d'el rei! a polémica estalou, as televisões dedicam reportagens alargadas ao assunto, os jornalistas entram em ebulição frenética, todos os jornais online escrevem sobre o assunto, os comentários do povo são às centenas. é bom viver num paísinho sem problemas, com muitos gigas de memória ram disponíveis para se dedicar de imediato a assunto tão premente. para rematar a questão, o ilustre fumador, que tinha conseguido o meu respeito ao revelar um lado rebelde e prevaricador, pede desculpa e anuncia que deixou de fumar. estragou tudo. cá pra mim, o que ele devia ter feito era ter utilizado um quinto éfe e ter mandado esta gentinha toda ir-se foder.

terça-feira, maio 13, 2008

companhia imaginária de música

não tenho tido tempo para este blog. tenho estado ocupado a preparar um novo espaço.


sábado, maio 10, 2008

amesterdão

"no seu canto da zona ocidental de londres, e na sua rotina diária, em que todas as preocupações se centravam em si mesmo, era fácil para clive pensar na civilização como a soma de todas as artes, associadas ao design, à culinária, aos bons vinhos e a coisas semelhantes. mas agora parecia-lhe que ela era o que de facto era - quilómetros quadrados de casas modernas mesquinhas, cujo principal objectivo era suportar antenas de televisão e parabólicas, fábricas que produziam tralha inútil para ser anunciada na televisão e, em lúgubres lotes de terreno, filas de camiões para as distribuirem; e, por todo o lado, estradas e a tirania do tráfego. tudo aquilo fazia lembrar o rescaldo de uma festa desvairada. ninguém teria desejado que as coisas fossem assim, mas não lhes tinham perguntado. ninguém planeara aquilo, ninguém quisera aquilo, mas a maioria das pessoas era obrigada a viver ali. ao observar aquele espectáculo quilómetro após quilómetro, quem poderia suspeitar que purcell ou britton, shakespeare ou milton, tinham alguma vez existido? de vez em quando, no momento em que o comboio ganhava velocidade e se afastava mais de londres, o campo aparecia e com ele o início da beleza, ou a recordação dela, até que, segundos mais tarde, se diluía num rio que se transformava numa represa acimentada ou num súbito ermo agrícola sem cercas nem árvores, e estradas, novas estradas a estenderem-se até ao infinito, despudoradamente, como se tudo o que importava fosse estar noutro sítio. no que dizia respeito ao bem-estar de todas as outras formas de vida da Terra, o projecto humano era, não apenas um fracasso, mas um erro do princípio ao fim."

ian mcewan, in amesterdão

gosto principalmente da imagem das casas modernas mesquinhas, cujo principal objectivo é suportarem antenas de televisão e parabólicas... mas amesterdão, escrito há 10 anos atrás, não é um livro com pretensões a manifesto ambientalista, eu é que gostei particularmente da força destas imagens. é uma deliciosa reflexão sobre o sucesso, a ilusão do sucesso, a fragilidade da política e das estratégias editoriais dos jornais. sob o olhar irónico de mcewan, ninguém se salva. nem o político que se vê envolvido num escândalo sexual, nem o director do jornal que se prepara para publicar as fotografias compremetedoras, nem o homem que vende as fotografias ao jornal, nem o compositor de renome a quem foi encomendada a sinfonia para assinalar a passagem do milénio. quatro homens ligados por uma mulher, de quem todos foram amantes e que acaba de morrer. pelo meio, a fragilidade de uma amizade, devorada pelo despeito, pelo orgulho, pelo egoísmo e pela fama. uma crónica mordaz, um olhar desapaixonado sobre as esferas do poder. e ainda há quem lhes chame elites...

quarta-feira, maio 07, 2008

os funcionários públicos, esses parasitas do sistema

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enviar uma encomenda para inglaterra não deve ser assim tão caro

angolano é gerido por "criminosos". acontece aos melhores. a gente convida alguém para vir a nossa casa e o convidado desata a falar mal dos nossos parceiros de negócios. se o b.e.s. tivesse oferecido ao seu convidado, com alguma antecedência, os livros da paula bobone, o senhor já se saberia ter comportado. não sei porquê, quando li a notícia, lembrei-me deste trabalho da barbara kruger. as associações de ideias são uma coisa interessante.





segunda-feira, maio 05, 2008

pilhagem #7

cerca de 70 por cento dos portugueses consideram erradas as relações sexuais entre dois adultos do mesmo sexo

caros compatriotas, peço-vos que reconsiderem a intolerância. lembrem-se que destas relações nunca sairá um menezes ou um santana.



indecentemente roubado ao irmão lúcia

domingo, maio 04, 2008

mater

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maternidade, almada negreiros, 1935

sábado, maio 03, 2008

constatação #36

contradizer-me dá-me a segurança de que atingi a verdade possível.
agostinho da silva, filósofo português, 1906-1994

apreensão

o número de posts que eu encontro por aí sobre o cónego melo, escritos por gente que conhece todos os pormenores da sua vida, da sua morte e do seu post-mortem, leva-me a perguntar-me se eu não deveria saber referenciar a figura. é que não me ocorre nada, mesmo. presumo que será grave, porque até envolve o p.c.p. e tudo. como é que eu pude viver tantos anos sem saber quem era o cónego melo?

society, crazy and deep

há muito tempo que não me interessava a sério por uma música só com voz e guitarra acústica, mas este society, composto por jerry hannan e interpretado por eddie vedder para a banda sonora de into the wild, filme de sean penn, relembrou-me a beleza simples e cativante que a harmonia, entre uma voz humana bem modelada e o ressoar das cordas de uma guitarra, pode proporcionar. principalmente se as palavras são cheias de significado e o ritmo nos embala em suaves movimentos. se para além de tudo isto for associado um toque de nostalgia e lamento, então temos canção para ouvir repetidamente, ir deixando que ela se entranhe progressivamente até lhe conhecermos cada nuance do canto, cada timbre, cada variação no desenrolar da sequência de acordes. não vi o filme para o qual a canção foi gravada, por isso as palavras extravasam para fora do contexto original. é curioso que circulem, no youtube, vídeos onde estas palavras surgem associadas a imagens de guerra no iraque. numa época em que a maior parte das canções são ocas, sabe mesmo muito bem ouvir esta.

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quinta-feira, maio 01, 2008

a história das coisas

várias verdades inconvenientes. embora seja de origem norteamericana, aplica-se a nós como uma luva. são 21 minutos didácticos de reflexão sobre o nosso sistema actual de consumo, que acaba por condicionar toda a organização social. e as relações internacionas também. poderão dizer que não é bem assim, que as ideias vinculadas não estão totalmente certas, mas parece-me bastante aproximado. desapaixonado, pragmático e não panfletário. bom para reflectir neste 1º de maio, que se quer dos trabalhadores. e das pessoas por detrás desses trabalhadores. algures na história houve uma preversão do sentido do trabalho. quando é que deixámos de trabalhar para a comunidade e passámos a trabalhar para alguns indivíduos? quando é que os pratos da balança se desequilibraram? este documentário devia ser mostrado nas escolas aos nossos adolescentes, seguido de conversa alargada, debate. mas quem controla hoje em dia a escola e as ideias que devem ou não devem ser vinculadas? interessa mesmo fazer das gerações futuras seres conscientes, informados, participantes, ou interessa esconder parte da verdade, parte do sistema? o velho das botas, que caiu da cadeira há uns anos atrás, é que dizia qualquer coisa do género: quanto mais culto um povo, mais difícil de governar.




agradeço à idadedapedra por me ter conduzido até ao vídeo.