quinta-feira, março 22, 2007

poema sem crer

da poesia, da árvore, da primavera.
os anos andam curtos
ultimamente.
os dias andam curtos
ultimamente. escapam-se entre os dedos, entre o rápido avançar
dos ponteiros. passa a fronteira da meia-noite,
que afinal não fica no meio, nem da noite, nem de nada, novo dia
recomeça, embora ainda noite seja. tontos
de tanto rodar no espaço, nada de novo nos espera.

devo hoje ler um poema? da poesia já foi ontem,
hoje será do teatro, da música, da fome,
da guerra?
devo então plantar uma árvore? fazer um filho,
escrever um livro? pintar-me de cores garridas? ser criança,
talvez, ou lutar pela liberdade? de não ler, de não ligar,
ao dia, à noite, ao lugar?
de inventar os meus próprios dias, de escolher
o que quero
celebrar.

3 comentários:

marta r disse...

Os dias só andam curtos até ao próximo sábado !

Para a semana, já podemos ler mais poemas, plantar mais árvores, fazer mais filhos, escrever mais livros.... e celebrar mais a vida.

(adoro o horário de verão)

Anónimo disse...

bonito... Como eu gostava de saber escrever para me sairem da alma os pensamentos. Tás mesmo quarentão :)... "escolher o que quero celebrar" é só depois dos 40! E é uma conquista!
Planta um livro, escreve um filho...

nelio disse...

marta: i'll drink to that

idadedapedra, só uma quarentona é que poderia escrever o teu comment... :o)