domingo, abril 08, 2007

renovação


ao celebrarmos a páscoa, inseridos civilizacionalmente no mundo cristão, sejamos crentes ou não, estamos a dar continuidade a ritos de renovação, cuja origem se perde nos tempos, associados ao equinócio de março que marca o início da primavera. na ressurreição de cristo repercute-se a renovação da vida associada ao despertar da natureza após os meses de invernia. o ovo, como símbolo da vida e do recomeço, é oferecido nesta altura do ano, pintado, em todas as civilizações pré-cristãs, do egipto à pérsia, da grécia a roma. ovos de galinha ou de gansa, esvaziados do seu conteúdo e depois decorados ao gosto da época. no século 18, um francês lembrou-se de os fazer em chocolate e a moda pegou. a amêndoa, como miniatura da forma do ovo. o coelho, símbolo da fertilidade, também há muito anda associado a esta época. o cristianismo reciclou todos estes ritos. se a nossa páscoa vem etimologicamente do pessach (passagem) hebraico, que assinala a fuga do egipto e o estatuto de povo livre, já o easter inglês ou o ostern alemão evocam eostre, antiga deusa germânica associada aos ritos de fertilidade. carregamos tradições ancestrais, somos um elo entre o antigo e o que há-de vir, renovemo-nos.

5 comentários:

astuto disse...

Se a Páscoa servir como renovação, é muito bom. Já escrevi isto noutro sítio: parece-me uns vizinhos meus aproveitam a Páscoa para limparem, pela única vez no ano, a casa (pelo menos cá por fora)!! Lá está, renovação, bora arejar a casa!!!

Boa Páscoa!

Anónimo disse...

Ver-vos, ouvir-vos, estar convosco .... foi renovação.
A renovação do ano tem data e hora marcada. A renovação da amizade, dos laços, é espontânea e um enorme prazer.

nelio disse...

prazer amplamente retribuido, meus amigos.

Anónimo disse...

Contava a minha avó nascida em 1908 que lá na freguesia vinha um pregador todos os anos alindar o sermão de domingo de páscoa. Vociferava contra os judeus traidores e descrevia os vitupérios da soldadesca que, após as chicotadas que ele fazia trovejar com a voz na nave da igreja, deitara sortes sobre a capa do condenado. Todos os anos isto. Uma ocasião um tolo berrou no meio da assembleia em silêncio: _Ora que também, se já no ano passado Jesus tinha sido tratado assim, que foi lá ele cheirar outra vez este ano?
Serve a estória para dizer que não tenho visto renovações nenhumas para além da limpeza que era preciso fazer atrás do fogão, que o chocoloate não é a minha tentação preferida, que já não tenho onde arrumar mais ovos coloridos e que esse paganismo me faz falta. Informem-me onde posso compra-lo, aprende-lo,contraí-lo ou lá como é que a coisa se processa.

nelio disse...

maria da piedade strikes again! a coisa não se contrai, vive-se...