da maldade
"Pode confiar-se nas pessoas
más: nunca mudarão"
william faulkner
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sempre me fez grande confusão a maldade, a perfídia. não que eu seja um santo e nunca tenha feito mal a ninguém, mas sempre que o fiz foi por mera insensibilidade pontual, por não pensar em todas as consequências dos meus actos ou por puro desleixo. aperçebo-me no entanto que há pessoas que são movidas por uma maldade genuína, que gastam tempo e energia a planear acções cujo único objectivo é o prazer de ver o sofrimento alheio, revista ele que forma revestir. são pessoas que estão aí, no meio da sociedade, travestidas de honestos cidadãos, muitas vezes perfeitamente integradas no tecido social. pergunto-me frequentemente que traumas, que processos psicológicos, conduzem alguém por estes caminhos da maldade. que perturbações dos afectos estão na base destes comportamentos. será orgânico? apresentarão os cérebros desta gente topografias diferentes, circuitos eléctricos alternativos que não funcionam no vulgar cidadão?
4 comentários:
Sabendo que existem bastantes pessoas más por natureza, eu relaciono-me mais com pessoas "más" por negligência... As últimas são recuperáveis, basta dar-lhes oportunidades e atenção... Mas, a maioria das pessoas que conheço são boas, com uma elevada dose de pureza ética. Tenho sorte!
Cumprimentos.
astuto, a maior parte das pessoas são boas por natureza, acho eu que normalmente sou um optimista.
acho que é uma questão de mesquinhez... de falta de horizonte.
Às vezes a maldade é a vendetta sem complemento indirecto, sem a quem, um furacão de ventos de insídia nascido nas águas demasiado quentes dos oceanos por onde se tem passado. É um vortex muito difícil de controlar, o mesmo que os antigos quiseram simbolizar com as FURIAS de Electra. É uma força da natureza, coisa nem boa nem má em si mesma, mas a pedir protocolos de protecção civil aos demais. O vortex morre na praia depois de arrasar umas aldeias e o MAU está acabado enquanto local turístico mas pode ainda ter amigos.
Outras vezes, a maldade é uma temeridade de quem não tem nada a perder. É o "nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta (...) vão todo para o diabo ou deixem que eu vá sozinho, mas porque havemos de ir juntos?" citado de memória de Álvaro de Campos. Esta atitude sobranceira às coisas que ocupam a cabeça dos comuns mortais cria desprezo pelas coisas e às vezes pelos outros mortais. É uma forma de maldade distraída, blasé, as mais das vezes desapercebida pelo próprio MAU que se entedia no processo. Porém às vezes é afirmada pelo sujeito como um contra valor a defender. Aí o MAU é dos que usam expressões do tipo "pérolas a porcos".
Há por fim a maldade idiota. Ataca o mesmo tipo de MAU que podia estar a seguir a telenovela mas optou por seguir a vida da vizinha. Esta maldade de fotonovela (alguém se lembra de que havia fotonovelas há 30 anos, ou a referência ficará demasiado obscura?)em que se adopta o papel do MAU reconhece-se pelo intrincado de estratégias acotovelando-se num enredo linearzito e engonhante, com muitos diálogos estabelecidos com interpostas personagens para ajudar a compor a narrativa.
Sei mais coisas sobre maldade mas estou a ficar irrequieta, ou entediada, ou não sei se não terei uma telenovela aí mesmo a começar.
Desculpem qualquer coisinha.
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