segunda-feira, setembro 17, 2007

um após o outro

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e de repente, o sol brilha mais fraco, as nuvens impõem a sua presença, e de manhã as gotas de orvalho ainda persistem nas folhas, no tejadilho dos carros. montam-se novas rotinas, retomam-se práticas interrompidas. os momentos de pura alienação inconsequente, saborosamente absorvidos minuto a minuto, frame by frame, juntam-se um após o outro ao enorme baú de memórias de outros verões. daqui por uns anos, já nem saberemos bem se foi neste ou em outro, se foi em julho ou em agosto. é esta a fragilidade das memórias, impressas, transformadas, personalizadas. retemos sensações, intensidades de luz, fragmentos de imagens, toques, olhares, texturas. o resto, compomos de acordo com as necessidades do nosso ego. os momentos em si, são vividos uma e única vez, sem possibilidade de reconstituição fiel ou duradoura. por isso são tão saborosos, tão únicos. por isso tentamos em vão agarrá-los com os cinco sentidos. ou mais, se porventura os tivermos.

foto de nélio filipe, vondel park, amsterdam, agosto 2007

4 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Foi o mesmo gaijo que escreveu este texto e o anterior? Fosca-se, viva a versatilidade...

nelio disse...

rafeiro, ;)
se calhar é mais uma questão de múltiplas personalidades...

margarida disse...

Saboroso o texto, deliciosa a foto. Fica a vontade de ir ver de perto a cidade para conseguir sentir ou senti-la assim.
Mesmo que ténues e difusas no tempo e no espaço as memórias são o nosso maior legado, partilhá-las é pura generosidade.

Luís F. disse...

Belo texto… o Vondel Park é simplesmente inesquecível, tal como a cidade que é maravilhosa…