domingo, outubro 07, 2007

janis e inês

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quis o acaso que recentemente tenha andado às voltas com duas "personagens" femininas que aparentemente nada têm em comum: inês de castro, através da leitura do romance histórico que maria pilar queralt del hierro escreveu, e janis joplin, através da audição duma colectânea comprada ao desbarato numa grande superfície. separadas pelo tempo, duas mulheres que viveram vidas em pleno, duas personalidades fortes e determinadas. têm em comum o fim trágico, uma às mãos dos esbirros de d. afonso IV, a outra às mãos de uma overdose de heroína. perduraram as duas para além do seu tempo, uma pela voz única, a outra pelo amor que a uniu a d. pedro de portugal. das duas perdura também o fim prematuro em tom de tragédia, devoradas pelas sociedades que as rodearam. mas se os fins foram trágicos, as existências foram gloriosas, pessoas que se cumpriram e viveram intensamente. o mesmo não se pode dizer de muitos de nós, nesta sociedade actual de vidas cinzentas e pouco ou nada cumpridas. rainhas por um dia ou escravas toda a vida, reis por um dia ou escravos toda a vida, o velho dilema existêncial.

5 comentários:

Anónimo disse...

já leste "quando Nietzsche chorou"?
É sobre essa crise dos 40 em que pomos em causa toda a vida de "escravos" que levamos. Vale muito a pena. É apaixonante de se ler e para mim surgiu-me mesmo quando estava a precisar dele

nelio disse...

não, ainda não li e fiquei interessado. envias-me as referências? não aco que as nossas vidas sejam assim tanto de "escravos". pelo menos o nosso pensamento é livre...

Anónimo disse...

o pensamento dos "escravos" não é livre? Eu também não disse que somos escravos, mas sim que passamos fases (aos 40 aconteceu-me a mim e a muitos amigos também) em que nos apetece como que uma segunda adolescência, em que sentimos que de ram ram já tivemos que chegasse, que nos apetece viver a vida intensamente, sem as responsabilidades óbvias que temos no dia-a-dia. Depois passa...e ainda bem, porque não se pode ser adolescente com as vivências que já temos armazenadas nos nossos neurónios.
O lirvo chama-se como te disse acima e é de Irvin D. Yalom, editora Saída de Emergência

nelio disse...

muitos dos "escravos" actuais não tem o pensamento livre, não... a maior parte nem sequer alguma vez experimentou a sensação de pensar pela própria cabeça, apenas copiou e assumiu como seus os pensamentos dominantes da formatação social.

Anónimo disse...

ah, está bem, nesse ponto de vista está certo :)