quarta-feira, fevereiro 06, 2008

que eu me lembre, para haver um país tem que haver um povo e um território. território, temos...

francisco van zeller, uma das figuras mais simpáticas, mais democráticas e menos gananciosas da sociedade portuguesa, entende que os despedimentos não podem ser só provocados por inadaptação ou casos disciplinares. as confederações patronais da indústria e do comércio querem que as empresas passem a poder despedir trabalhadores quando pretendam renovar os seus quadros de pessoal. "não raro, as empresas estão apenas carecidas de trabalhadores diferentes e não de menos trabalhadores. é essa renovação que também se tem de possibilitar", defende a confederação da indústria portuguesa. em minha opinião, muitas empresas benefeciariam muito mais se lhes renovassem os dirigentes, substituindo-os por pessoas mais jovens, mais bem formadas moralmente, com melhores conhecimentos técnicos de gestão de recursos humanos e menos gananciosos, que não desbaratassem o capital das empresas em vidas desproporcionalmente luxuosas. a pretensão destes senhores é, em si mesma, preocupante. como se as empresas não tivessem responsabilidades éticas ou sociais. o objectivo é deixar os funcionários completamente à mercê das chefias e patrões, promovendo o culambismo, as formas encapotadas de semiescravatura e os pequenos e grandes delatores. mas mais preocupante ainda são os comentários que os leitores do público deixaram na respectiva caixa. muitos (funcionários públicos, presume-se) regozijam-se com esta pretensão da c.i.p., como vingança pelos ataques que os trabalhadores das estruturas privadas têm feito, de alguns anos a esta parte, aos pretensos previlégios da função pública. podem ler-se pérolas como "criticaram os funcionários públicos? acharam bem tudo aquilo que nos têm feito? pois esperem que a vingança vai servir-se GELADA." ou "erguem-se agora as virgens ofendidas, trabalhdores do sector privado, quando o alvo foi a função pública recomendavam: mudem de emprego. chegou a hora da função pública lhes dizer: não estão satisfeitos, EMIGREM." como funcionário público que sou, não posso deixar de perceber a origem deste desejo de "vingança", mas estas fracturas sociais não auguram nada de bom para este povo. mas há mais. alguns leitores mais catastróficos já dão a pretensão da c.i.p. como lei, como dado adquirido, e aproveitam para desancar no governo com toda a veemência. às vezes torna-se difícil chamar a isto um país...

1 comentário:

marta r disse...

Concordo 100%, Nélio. Excelente post, este.