domingo, março 09, 2008

políticos e detergentes

80.000, 100.000, 50% não eram professores, os sindicatos mobilizaram trabalhadores de outros sectores para estarem presentes, os que eram professores não pensam pela sua cabeça e são instrumentalizados pelos malandros dos comunas que só querem destruir o país, os que eram professores e pensam pela sua cabeça só querem ganhar muito sem fazer nenhum, etc, etc, etc. na sequência da manifestação de ontem tenho lido de tudo em blogs e em comentários dos leitores nos sites dos orgãos de comunicação. por um lado temos um povo facilmente instrumentalizável, pouco habituado a ter uma visão crítica dos acontecimentos com que se depara, por outro temos forças de instrumentalização sem qualquer pudor em lançar para a praça pública factos mais ou menos fictícios e contrafactos de maneira a que tudo fique baralhado e ninguém saiba, com um grau de certeza aceitável, o que realmente se passou. facto: nenhum dos professores que conheço está contente com a maneira como tem sido tratado por esta equipa ministerial. nenhum deles é preguiçoso e nenhum deles gasta dinheiro ao país sem dar o seu trabalho e o seu esforço, muitas vezes para lá do que é exigido, em troca. são professores com paixão pelo ensino, com orgulho na sua profissão. nenhum deles teme a avaliação. facto: a maioria dos professores, seja qual for o seu quadrante político, sente-se insultado por esta equipa ministerial. facto: a maioria dos diplomas que esta equipa ministerial tem produzido é confusa, tem erros estruturais e em nada tem contribuido para que se trabalhe nas escolas com melhor qualidade. facto: os professores são um grupo profissional com uma grande dimensão e qualquer cêntimo que se poupe com eles multiplica-se por 143.000. facto: a autista da educação, perdão, a ministra da educação é uma pessoa com quem se embirra primariamente com grande facilidade. por vezes tem um olhar tresloucado, de pessoa com uma qualquer patologia mental. é perigosa porque acredita realmente que está certa.

mas não me interessa fazer aqui uma avaliação desta guerra, o meu assunto é outro. uma das manifestantes que foi entrevistada por um canal de televisão, declarou estar consciente que a sua luta estava a ser instrumentalizada politicamente e, pela expressão que fez, isso não lhe agradava. vivemos numa era em que a informação abunda, está em todo o lado. o problema está na fiabilidade dessa informação. as técnicas de manipulação de massas são utilizadas a torto e a direito, sem ética. cada vez se torna mais difícil distinguir os factos da ficção, separar o trigo do joio. os políticos matam à partida toda e qualquer manifestação social expontânea, com a sua enorme necessidade de se colarem e controlarem todos os movimentos sociais. as estratégias de manutenção do poder ou de fazer cair quem está no poder minam toda a sociedade. ontem todos os que não estão no poder estavam a favor dos professores, com os professores. não temos políticos sérios. a política deixou de estar ao serviço da sociedade, a política serve-se da sociedade para sobreviver. muitos dos políticos no activo nunca foram outra coisa a não ser políticos. as técnicas de manipulação de massas fazem uso e abuso, despudorado e sem qualquer ética, de todas as disciplinas da sociologia e da psicologia. promovem-se políticos com as mesmas técnicas com que se vendem detergentes. facto: no nosso dia-a-dia precisamos muito mais de
detergentes do que de políticos.

3 comentários:

psergio57 disse...

só com minúsculas, a concordar a 100% com este post e com a lucidez do comentário que deixou no 'arrastão'. em portugal o serviço público é letra morta, o 'centrão' atingiu o grau 0 da política e o que temos são ascensoristas, taberneiros ou vendidos(todos muito pouco sérios...)

Maggie86 disse...

quem me dera saber escrever assim!
concordo plenamente com tudo, também.é incrível q o luis filipe menezes se tenha aproveitado desta maneira da manifestação, mas por outro lado diz não estar preparado para governar!em q ficamos?

marta r disse...

Se aparece aqui o Augusto Santos Silva, tás feito!
Ainda te acusa de não teres feito o 25 de Abril....