segunda-feira, março 03, 2008

portugueses que gostariam de ser espanhóis

é um tema recorrente na sociedade portuguesa. embora actualmente a imprensa ande calma, volta e meia encontro um post na blogosfera que expressa a ideia de que se fossemos espanhóis estariamos muito melhor, e que nos deviamos fundir com o país de nuestros hermanos. invejinha da mais pura, a galinha do vizinho é sempre melhor do que a minha, etc, etc. embora o conceito tenha o dom de me irritar solenemente, confesso que, também eu, tenho inveja dos espanhóis. tenho inveja do sentimento arriba españa, de serem capazes de se organizarem, de cumprir horários, de terem o conceito de hierarquias, de saberem distinguir o trabalho do conhaque, de serem activos civicamente. tudo atributos que por cá rareiam. os portugueses que gostariam de ser espanhóis, não querem realmente ser espanhóis. querem apenas que venham de fora organizar aquilo que nós não somos capazes de organizar, querem ter os ordenados ao nível dos espanhóis mas continuarem a não pensar em produzir, muito menos produzir como os espanhóis. querem continuar a utilizar o local de trabalho como um local de convívio onde, após um longo bocejo, de vez em quando se trabalha um bocadinho. querem continuar a dizer mal e a apontar o dedo a tudo e a todos, sem serem capazes de olhar criticamente para o espelho. os portugueses que gostariam de ser espanhóis, seriam os primeiros a depois atribuir as culpas aos espanhóis por isto não funcionar e sermos a região mais pobre de espanha. os portugueses que gostariam de ser espanhóis, seriam os primeiros a contestar terem um espanhol como superior hierárquico e os primeiros a chamar-lhe fascista (pelas costas, claro), quando ele lhes exigisse o trabalhinho feito a tempo e horas, ou lhes recordasse que estavam num local de trabalho e não de convívio. os portugueses que gostariam de ser espanhóis são pequeninos e invejosos, mesquinhos e preguiçosos. e esquecem-se que nada os obriga a ficar por cá a atrapalhar isto, espanha fica mesmo aqui ao lado, já nem têm que apresentar o b.i. quando atravessarem a fronteira.

7 comentários:

Anónimo disse...

Que viva España. Por eso siempre yo dire, España es la mejor.
Un beso Pino

Moisés Gaudêncio disse...

o D.Sebastião é que foi inteligente... nunca mais voltou... logo ficou com aura de salvador e teve direito a filosofia e respectivos ismos... era meio-espanhol... ;)

marta r disse...

Esqueceste de mencionar um outro factor de inveja: a siesta, que tantos de nós gostaria que fosse rapidamente implantada em Portugal...

Anónimo disse...

ah, a siesta eu também defendo... :)

Maria Romeiras disse...

São escolhas. Mas muito se diz e poucos têm a coragem de optar em definitivo. É mais fácil nivelar as desgraças caseiras em críticas constantes que produzir a diferença. Ou fugir para construções já acabadas ou mais avançadas. Quanto a mim, deixa-me dizer-te que gosto da minha identidade e que acho que nos devemos construir e acabar coerentemente seja em que espaço for (sendo que prefiro o da minha origem). Um abraço.

nelio disse...

maria, que não se pense que tenho alguma coisa contra a emigração ou contra os espanhóis (ou não teria casado com uma). este post é apenas contra os portugueses que gostariam que portugal fizesse parte de espanha, apenas para terem as benesses da sociedade espanhola, sem fazerem nenhum esforço para que a sua própria sociedade cresça e se desenvolva. só esses.

Maggie86 disse...

adorei o seu post!eu cá adoro ser portuguesa e tenho orgulho nisso, cada um de nós tem de saber o q fazer pelo país, o q melhorar e como melhorar, nem q seja só um bocadinho, como ir as urnas votar!
se votarem, a queixa não é tão má, ao menos fizeram alguma coisa, o pior de tudo é quem se queixa sem sequer ter ido votar!