domingo, novembro 26, 2006

audiolivros (a propósito do cod3x 632)


noticiam dezenas de páginas que o codex 632 do josé rodrigues dos santos foi editado recentemente em formato de audiolivro. pergunto: mas afinal para que serve um audiolivro, exceptuando para os invisuais, mas mesmo assim existe o braille e não me acredito que seja esse o público-alvo dos editores. grande parte do gozo de ler e da importância de ler consiste na decifração do código escrito, na activação dos neurónios que vão descodificar aqueles "rabiscos" e transformá-los em ideias, objectos, sentimentos. no levantar dos olhos da página e ficar a matutar, por breves momentos, naquela frase, naquele conceito, naquela situação que estamos a ler. e depois retomar a leitura, ou interromper, marcar a página onde vamos e depositar o livro no seu sítio de descanso temporário. como se faz isto com um audiolivro? ainda por cima com romances, onde apetece reler algumas passagens que mais nos impressionam, apetece retomar um pouco mais atrás do que a página onde se interrompeu, onde por vezes voltamos atrás várias páginas à procura de algum pormenor que se nos escapou na primeira passagem... pergunto novamente: para que serve um audiolivro? vejo, talvez, uma excepção, na poesia. mas mesmo assim...

2 comentários:

Moisés Gaudêncio disse...

Sim...porque a poesia não é literatura é "fala".

Maria Romeiras disse...

É difícil trabalhar com audiolivros. O sabor da leitura é diferente, claro, sou bicho de apreciar o toque e o cheiro do papel. No entanto são soluções aumentativas para cegueiras adquiridas, para idosos com perca de visão progressiva e com perca de motricidade fina, para outras situações mais coimplicadas. Salvo essas situaçõs, quem possa, sinta as páginas e viva o imaginário do físico que é ler. Eu, gosto.