alice
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um filme belíssimo, que não tinha ainda tido a oportunidade de ver. a r.t.p. exibiu-o ontem, em horário tardio, como é costume. talvez o melhor filme português que alguma vez vi, pontuado com uma série de planos inesquecíveis. um filme sobre a dor da perda, sobre o desespero e a dor lancinante que o desaparecimento da filha provoca nos pais. nuno lopes fulgurante na interpretação do pai, uma figura vergada pela vida, nas fronteiras da loucura, sobre ele recai todo o peso do filme. beatriz batarda, a mãe, esquecida de si mesma. o silêncio e a ausência insuportáveis nos olhares, o desespero da procura incessante de um rasto da filha entre as imagens filmadas por inúmeras câmaras colocadas pelas ruas da cidade. lisboa filmada como nunca antes fora, com um véu de neblina permanente, mérito da fotografia de carlos lopes. a música de bernardo sassetti acentuando a solidão. alice é também um filme sobre a indiferença e a solidão das grandes cidades, figuras perdidas num mar de olhares e passos alheados do que as rodeia. o quotidiano frio. visualmente, o filme é arrebatador, cada plano estudado ao ínfimo pormenor, uma montagem mais que eficaz, tudo no sítio certo. um prazer.
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