segunda-feira, outubro 01, 2007

dia mundial da música



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gosto de estruturas complexas, de harmonias difíceis, de ritmos compulsivos e hipnóticos, de melodias desconhecidas. mas gosto também de músicas depuradas até à sua essência, dos espaços de silêncio entre os sons. gosto de ideias novas, de territórios pouco explorados, da miscigenização, do cruzamento de linguagens, do inclassificável. grande parte de mim é música, vive da música. por muito que me atraiam as palavras, é na música que encontro repouso perfeito, reconforto, plenitude. sempre foi assim, e sempre assim será, mesmo que um possível retrocesso tecnológico da humanidade me prive dos registos actuais que servem de veículo à difusão da música. uma simples sucessão de sons desperta em mim uma melodia. qualquer cadência de sons prolonga-se interiormente, adquire estrutura e transforma-se num ritmo. vivo música, respiro música. não ligo a estilos. ao longo dos anos já me fixei na pop, no rock, no jazz, na world, na clássica, na contemporânea, no hip-hop, no lounge, no trance, na barroca, na antiga, na tribal, na indie, na alternativa e em todas as outras gavetinhas com etiquetas diversas, em que os críticos se esforçam por compartimentar a música. e em todas elas encontrei motivos de surpresa, de deleite, de prazer profundo. gosto de sons novos, diferentes, daqueles que a princípio se estranham e depois se entranham. mas gosto também dos sons que transportam e evocam as culturas que os viram nascer há muito tempo.
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e depois há aquelas músicas que nos tomam pelas entranhas, percorrem cada fibra nossa e provocam estados emocionais que as palavras não abarcam. músicas que anulam qualquer racionalidade, que nos transportam e nos prendem a cada nova batida, a cada novo acorde. que nos fazem sair do tempo e nos deixam suspensos num lugar semelhante ao vácuo. apenas a música e a nossa percepção, ela, a música, a fluir pelos poros, pelas artérias, pelos neurónios. são momentos únicos na existência. atingem a transcendência.
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há uma música interior que nunca me abandona, que se constrói com os sons do quotidiano. há uma música interior que nunca se cala, que me acompanha em qualquer situação, feita de retalhos sonoros que se estruturam. a mais pura das artes, a mais etérea.
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banda sonora: eno+byrne - regiment; the cinematic orchestra - all things; the cure - all cats are grey

2 comentários:

Maria Romeiras disse...

Música interior, sim, a pureza do sentir. Não se ouve, respira-se. Trabalho no mundo dos sons e aprendi a perceber vibrações. É fantástico e complexo, depois tudo se torna natural como se os sons viessem - e provavelmente sim - de dentro da nossa alma.

Luís F. disse...

The Cinematic Orchestra também faz parte da minha Banda Sonora! E, tal como tu, não consigo imaginar a vida sem a Música...