quinta-feira, fevereiro 28, 2008

fotógrafo de essências

alf otograph, estudante de fotografia e de ciências ocultas, desenvolveu um aparelho revolucionário que fotografa as essências. o aparelho foi produzido usando peças de uma velha zenit, uma mesa de pé de galo, uma bola de cristal e algumas cartas de tarot. de passagem por portugal, alf aproveitou para fotografar algumas personalidades. a imagem abaixo reproduzida foi captada quando o líder da bancada parlamentar e o presidente do p.s.d. se colocaram em frente da objectiva do revolucionário aparelho.


quarta-feira, fevereiro 27, 2008

ratos e homens

"- o que eu digo não tem importância, entende? seja como for, você não se lembrará. muitas vezes vi isso... um homem que fala com outro e não se importa se o outro escuta ou compreende. a questão é falar, ou então ficar calado, sem falar. não há diferença, nenhuma diferença. (...) george pode dizer-lhe qualquer disparate, é o mesmo. o caso é falar. o caso é estar com outra pessoa. isso é tudo. (...) você tem george. sabe que ele voltará. mas imagine se não tivesse ninguém. imagine se não pudesse ir ao quarto dos peões jogar às cartas por ser negro. (...) imagine que tinha que ficar aqui sentado, a ler, a ler. os livros não servem. um homem precisa de alguém, alguém que esteja perto. ficamos como loucos quando não temos ninguém. (...) uma pessoa fica aqui sentada de noite, a ler livros, ou a pensar ou qualquer coisa assim... às vezes, ficamos a pensar e não temos ninguém que diga sim ou não. quando vemos alguma coisa, não sabemos se está certo ou errado. não podemos perguntar ao outro se viu também. não podemos falar. não temos com quem discutir. tenho visto muitas coisas aqui. e eu não estava bêbado. não sei se estava a dormir... se tivesse um companheiro comigo, ele podia dizer se eu estava a dormir e tudo ficava bem. mas não sei..."


ratos e homens de john steinbeck, publicado pela primeira vez em 1937, é um soco no estômago que se devora em pouco mais de uma hora. um fresco do realismo habitado por personagens consistentes, um texto cinematográfico de onde se desprendem sentimentos tão comuns como a amizade, a solidão e o ensejo de uma vida digna. há livros que não envelhecem com o passar dos anos e este é, certamente, um deles.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

os óscares em cinco pontos

1. quem salvou a coisa foi mesmo o jon stewart, com duas tiradas de mestre, a saber:
a) normalmente, quando vemos um negro ou uma mulher como presidente, um asteróide está prestes a atingir a estátua da liberdade.
b) as eleições deste ano estão a ser muito divertidas. é bom podermos ver tantos candidatos, para depois escolhermos em que democrata vamos votar.
2. os quatro actores premiados são todos europeus, o que prova a superioridade da europa em relação aos estados unidos da américa.
3. as canções concorrentes ao respectivo troféu são normalmente muito más. este ano conseguiram superar as piores expectativas. verdadeiras odes ao mau gosto.
4. tirando uma ou outra excepção, a academia americana limitou-se a premiar os mesmos que a academia britânica já tinha premiado. porque é que não acabam com os óscares e ficamos só com os bafta? (mais uma prova de que os europeus são muito melhores, os americanos passam a vida a imitar-nos)
5. a nicole kidman esteve, como sempre, deslumbrante. a cate blanchett também.

domingo, fevereiro 24, 2008

und3rmuzak #9 in the mausoleum

folk, pop, indie, world, nada chega para definir o fenómeno beirut. a banda de zach condon chegou para ficar. the flying club cup, o álbum de 2007, confirmou tudo o que os trabalhos anteriores anunciaram. música com inspiração das mais diversas fontes, uma voz mais que carismática que se desdobra em polifonias cuidadas, arranjos cativantes e um permanente tom de festa. não a festa eufórica e vazia, mas a festa que celebra a vida, os sentimentos, as sensações. in the mausoleum é a nona faixa do alinhamento do disco e aquela que me arrebata do primeiro ao último segundo. a inspiração na música cigana dos balcãs é evidente e dá um prazer danado seguir as notas que o violino vai desenhando mais ou menos a partir do meio da música. por mim, estou mais que convencido.


sábado, fevereiro 23, 2008

constatação #34

"a cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. a dor é inevitável. o sofrimento é opcional."

carlos drummond de andrade, escritor brasileiro, 1902-1987

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

da vida das árvores #13

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ta prohm, angkor, cambodja
foto de cain doherty, no flickr


terça-feira, fevereiro 19, 2008

gente vulgar

VI

a vinda de alberto ao mundo foi tudo menos casual. filho tardio de um casal de classe média com profissões muito absorventes, o seu nascimento foi planeado ao mínimo pormenor. sendo filho único, depressa compreendeu que era à sua volta que tudo naquela casa girava. habituado ao show-off e a não dar ouvidos a ninguém desde a mais tenra idade, habituado a ser escutado com ar embevecido pelos seus pais de cada vez que opinava, habituado a encarar o mundo como um palco para a sua grandiosa existência onde todos os outros não passavam de personagens secundárias, quando criou um blog optou por não permitir comentários.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

alberto joão, estás à espera de quê?

a maioria dos 27 estados-membros da união europeia deve reconhecer [a independência d]o kosovo, mas espanha confirmou hoje que «não reconhecerá o acto unilateral» da proclamação da independência do kosovo, «porque não respeita a legalidade internacional».
e faz muito bem a espanha. o único interesse no reconhecimento da independência deste pequeno território por parte dos estados da união europeia e dos estados unidos da américa é travar e delimitar a influência russa em terras europeias. na verdade, estão-se nas tintas para os kosovares. se a moda pega, a espanha desmembra-se, mas os ingleses não se podem esquecer das velhas aspirações escocesas e da irlanda do norte. e, já agora, do país de gales também. os italianos do norte também deviam aproveitar e ver-se livres do resto da bota, que só consome o que produzem. e a sicília devia ser entregue de vez à mafia, que se calhar é mais branda do que os dirigentes kosovares. e a flandres e a valónia, porque continuam juntas? a gronelândia e as faroé porque hão-de continuar sob o jugo de copenhaga? e os lapões, não têm direito ao seu estado? allgarve independente, já!

sábado, fevereiro 16, 2008

para que conste


faltou aqui o registo de um prazer simples, satisfeito pela primeira vez este ano. lanchar e tomar um café com cigarro, sem ser no recato do lar ou exposto ao vento frio que teima em se fazer sentir cá por baixo. o café aliança (o mais antigo de faro e o terceiro a nível nacional, segundo rezam as crónicas) é o único espaço da baixa da cidade que permite a fruição deste pequeno nada. na sua simpática sala de entrada, reproduzida na fotografia acima. foi no dia mais piroso do ano (s. valentim) e estava muito bem acompanhado.

foto pilhada por aí

balanço patriótico

nas anotações à sua peça de teatro "pátria", publicada em 1896, guerra junqueiro escreveu frases estranhamente actuais. 112 anos depois. para que não se pense que é invenção do und3rblog, pode-se conferir com o texto original, disponível em e-book no site do projecto gutemberg. faço minhas (quase) todas as suas palavras. reza assim:

"Balanço patriótico:

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúsio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, bêsta de nora, agùentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalépsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, emfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional,--reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta;
(...)
Uma burguesia, cívica e políticamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavra, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provêm que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos
(...)
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; êste criado de quarto do moderador; e êste, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do país, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre,--como da roda duma lotaria;
A Justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara a ponto de fazer dela um saca-rôlhas;
Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, na hora do desastre, de sacrificar (...) meia libra ou uma gota de sangue, vivendo ambos do mesmo utilitarismo scéptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgamando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguêm deu no parlamento,--de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar;
(...)
Liberdade absoluta, neutralizada por uma desigualdade revoltante,--o direito garantido virtualmente na lei, posto, de facto, à mercê dum compadrio de batoteiros, sendo vedado, ainda aos mais orgulhosos e mais fortes, abrir caminho nesta porcaria, sem recorrer à influência tirânica e degradante de qualquer dos bandos partidários;
(...)
E se a isto juntarmos um pessimismo canceroso e corrosivo, minando as almas, cristalizado já em fórmulas banais e populares,--_tão bons são uns como os outros, corja de pantomineiros, cambada de ladrões, tudo uma choldra, etc. etc.
(...)
A burguesia liberal, mercieiros-viscondes, parasitagem burocrática, bacharelice ao piano, advogalhada de S. Bento, _morgadinhas_, _judias_, sinos, estradas, escariolas, estações, inaugurações, locomotivas (religião do Progresso, como êles diziam), todo êsse mundo de vista baixa, moralmente ordinário e intelectualmente reles,
(...)
O português, apático e fatalista, ajusta-se pela maleabilidade da indolência a qualquer estado ou condição. Capaz de heroismo, capaz de cobardia, toiro ou burro, leão ou porco, segundo o governante. Ruge com Passos Manuel, grunhe com D. João VI. É de raça, é de natureza. Foi sempre o mesmo. A história pátria resume-se quási numa série de biografias, num desfilar de personalidades, dominando épocas. Sobretudo depois de Alcacer. Povo messiânico, mas que não gera o Messias. Não o pariu ainda. Em vez de traduzir o ideal em carne, vai-o dissolvendo em lágrimas. Sonha a quimera, não a realiza.
(...)
Sei muito bem que o estadista não é o santo, que o grande político não é o mártir, mas sei tambêm que toda a obra governativa, que não fôr uma obra de filosofia humana, resultará em geringonça anecdótica, manequim inerte, sem olhar e sem fala.
(...)
A ductilidade, quási amorfa do carácter português, se torna duvidosas as energias colectivas, os espontâneos movimentos nacionais, facilita, no entanto, de maneira única, a acção de quem rege e quem governa. Cera branda, os dedos modelam-na à vontade. Um grande escultor, eis o que precisamos.
Há, alêm disso, bem no fundo dêste povo um pecúlio enorme de inteligência e de resistência, de sobriedade e de bondade, tesoiro precioso, oculto há séculos em mina entulhada. É ainda a sombra daquele povo que ergueu os Jerónimos, que escreveu os Lusíadas. Desenterremo-la, exumemo-la. Quem sabe, talvez revivesse! (...)"

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

pergunta de bolso #8

quem escreve blogue, também escreve linque, sáite, pouste?

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

terça-feira, fevereiro 12, 2008

debate

debato-me muitas vezes, como qualquer comum mortal, com esta questão do tempo. Como preencher todas as necessidades do meu espírito inquieto, como conciliar trabalho, família, vida a dois, impulsos criativos, exercício físico, os hobbies, a blogosfera e o lazer. somos escravos desta necessidade de fazer coisas, alimentamos a ilusão de que somos felizes fazendo coisas e transformamos os nossos dias em correrias constantes com tempos contados, como se em vez de um só fossemos múltiplos, com existência temporária, aparecendo e desaparecendo conforme as necessidades. em mim vivem um marido, um pai, um médico, um desportista, um músico, um jardineiro, um amigo, um cinéfilo, um internauta, um bibliófilo, um devorador de música, um pensador solitário. às vezes, é gente demais.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

grammies? nee bedankt!

só para lembrar que estão a votos até ao fim do mês os nomeados para os plug awards deste ano (que é como quem diz, música indie editada durante o ano passado). façam favor de cumprir o vosso dever de internautas e votar aqui.

domingo, fevereiro 10, 2008

oba obama

pela boca morre o peixe. neste caso é mais pelo teclado. escrevia eu, por aí na blogosfera, no início desta campanha presidencial norteamericana, que não fazia sentido apoiarmos um dos candidatos porque as eleições não são nossas, e eis-me agora encantado com a campanha de barack obama e a vibrar com cada nova vitória. quatro estados de uma só vez, deixaram de certeza a sô dona hillary com afrontamentos. espero que os nossos políticos também estejam atentos e aprendam alguma coisa. ou pelo menos que pensem um pouco, se é que ainda são capazes.

und3rmusic #8 faust arp

faust arp é o bocado de música mais apetitoso que os radiohead incluiram em in rainbows. aquele que desafia a estrutura clássica do formato canção, aquele que nos leva por soluções menos óbvias no desenvolvimento da sua estrutura e aquele de que vamos gostando cada vez mais a cada nova audição. pelo menos comigo foi assim que funcionou.


sábado, fevereiro 09, 2008

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

sem comentários, é desta que eu crio a etiqueta "filhos da puta"

“um trabalhador que esteja cansado física ou psicologicamente – porque está mais velho, porque tem problemas familiares, porque trabalhar naquela empresa não era exactamente o que pretendia ou porque se desinteressou do trabalho – deve poder ser despedido por justa causa”, defendeu em conversa com o correio da manhã gregório rocha novo, membro da direcção da c.i.p.

via a origem das espécies

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

yes, i hope they can

em menos de uma semana, este vídeo tomou conta do youtube. mais de 5 milhões de visionamentos, mais de 50 youtubers apresentam-no no seu canal. will.i.am (black eyed peas) pegou nas palavras de barack obama e transformou-as em música, o slogan yes we can transformado em refrão. jesse dylan, filho de bob dylan, realizou o vídeo. mais uma prova da dinâmica de esperança e renovação que a candidatura de obama representa. quem, como eu, no início do ano pensava que estas eleições norteamericanas não trariam nada de substancial para além da possibilidade de ser uma mulher a ocupar o cargo de presidente dos estados unidos, enganou-se rotundamente. a candidatura de barack obama é, seja ele ou não o candidato democrata à casa branca, o facto mais importante e surpreendente destas eleições, aquele que aponta pistas para o futuro.

e nós por cá, entre o sócrates e o menezes... (suspiro)

It was a creed written into the founding documents that declared the destiny of a nation.
Yes we can.
It was whispered by slaves and abolitionists as they blazed a trail toward freedom.
Yes we can.
It was sung by immigrants as they struck out from distant shores and pioneers who pushed westward against an unforgiving wilderness.
Yes we can.
It was the call of workers who organized; women who reached for the ballots; a President who chose the moon as our new frontier; and a King who took us to the mountaintop and pointed the way to the Promised Land.
Yes we can to justice and equality.
Yes we can to opportunity and prosperity.
Yes we can heal this nation.
Yes we can repair this world.
Yes we can.
We know the battle ahead will be long, but always remember that no matter what obstacles stand in our way, nothing can stand in the way of the power of millions of voices calling for change.
We have been told we cannot do this by a chorus of cynics...they will only grow louder and more dissonant ...........
We've been asked to pause for a reality check. We've been warned against offering the people of this nation false hope.But in the unlikely story that is America, there has never been anything false about hope.
Now the hopes of the little girl who goes to a crumbling school in Dillon are the same as the dreams of the boy who learns on the streets of LA; we will remember that there is something happening in America; that we are not as divided as our politics suggests; that we are one people; we are one nation; and together, we will begin the next great chapter in the American story with three words that will ring from coast to coast; from sea to shining sea --
Yes. We. Can.

:: Jesse Dylan, Will.i.am, Common, Scarlett Johansson, Tatyana Ali, John Legend, Herbie Hancock, Kate Walsh, Kareem Abdul Jabbar, Adam Rodriquez, Kelly Hu, Adam Rodriquez, Amber Valetta, Eric Balfour, Aisha Tyler, Nicole Scherzinger and Nick Cannon ::

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

que eu me lembre, para haver um país tem que haver um povo e um território. território, temos...

francisco van zeller, uma das figuras mais simpáticas, mais democráticas e menos gananciosas da sociedade portuguesa, entende que os despedimentos não podem ser só provocados por inadaptação ou casos disciplinares. as confederações patronais da indústria e do comércio querem que as empresas passem a poder despedir trabalhadores quando pretendam renovar os seus quadros de pessoal. "não raro, as empresas estão apenas carecidas de trabalhadores diferentes e não de menos trabalhadores. é essa renovação que também se tem de possibilitar", defende a confederação da indústria portuguesa. em minha opinião, muitas empresas benefeciariam muito mais se lhes renovassem os dirigentes, substituindo-os por pessoas mais jovens, mais bem formadas moralmente, com melhores conhecimentos técnicos de gestão de recursos humanos e menos gananciosos, que não desbaratassem o capital das empresas em vidas desproporcionalmente luxuosas. a pretensão destes senhores é, em si mesma, preocupante. como se as empresas não tivessem responsabilidades éticas ou sociais. o objectivo é deixar os funcionários completamente à mercê das chefias e patrões, promovendo o culambismo, as formas encapotadas de semiescravatura e os pequenos e grandes delatores. mas mais preocupante ainda são os comentários que os leitores do público deixaram na respectiva caixa. muitos (funcionários públicos, presume-se) regozijam-se com esta pretensão da c.i.p., como vingança pelos ataques que os trabalhadores das estruturas privadas têm feito, de alguns anos a esta parte, aos pretensos previlégios da função pública. podem ler-se pérolas como "criticaram os funcionários públicos? acharam bem tudo aquilo que nos têm feito? pois esperem que a vingança vai servir-se GELADA." ou "erguem-se agora as virgens ofendidas, trabalhdores do sector privado, quando o alvo foi a função pública recomendavam: mudem de emprego. chegou a hora da função pública lhes dizer: não estão satisfeitos, EMIGREM." como funcionário público que sou, não posso deixar de perceber a origem deste desejo de "vingança", mas estas fracturas sociais não auguram nada de bom para este povo. mas há mais. alguns leitores mais catastróficos já dão a pretensão da c.i.p. como lei, como dado adquirido, e aproveitam para desancar no governo com toda a veemência. às vezes torna-se difícil chamar a isto um país...

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

transmission

uma das particularidades de control é que nada é feito em playback. cada nota que se ouve é efectivamente tocada e cantada pelos actores. o esforço de composição de sam riley como ian curtis é notável em todos os pormenores. joe anderson (peter hook, baixo), james pearson (bernard sumner, guitarra) e harry treadaway (stephen morris, bateria) também encarnam na perfeição os restantes membros da banda, vejam-se os vídeos abaixo. no primeiro, os verdadeiros joy division em 1979, no segundo a banda de actores num excerto do filme.




atmosphere

pois bem, já vi o control do anton corbijn, o biopic sobre ian curtis. a espera foi longa (3 meses, convenhamos, é uma eternidade hoje em dia, principalmente tendo em conta que entretanto estrearam simultâneamente em faro e em lisboa umas quantas dezenas de produções a metro, só porque são de origem norteamericana) e as expectativas foram aumentando à medida que muitos dos blogs que leio se iam desfazendo em elogios desmedidos em relação ao filme. todos os adjectivos que li se confirmaram. soberbo, simplesmente arrebatador. pelo filme, por curtis e pelo seu percurso trágico. pelo preto e branco, que de outra forma não faria sentido ser filmado.

se muitos descobrem agora ian curtis e os joy division, para mim foi uma forma de regressar ao passado e reviver tempos idos em que o negro e os sobretudos até meio da perna eram obrigatórios na indumentária. o fenómeno curtis/joy division apanhou-me no final da adolescência, lisboa, universidade. os primeiros acordes de atmosphere serviam de genérico ao programa que faziamos na primeira grelha da rádio universidade tejo e que dava pelo pomposo nome de os poetas do impossível. passei hoje (ontem) o dia a ouvir unknown pleasures, closer e substance. em cd, porque o vinil das primeiras edições portuguesas já não se aguenta na agulha e a edição em duplo single de love will tear us apart, que conservo religiosamente, serve mais de bibelot que de outra coisa. repesquei também da estante a edição bilingue da lírica de curtis para os joy division que a assírio & alvim incluiu na sua colecção rei lagarto, no longínquo ano de 1983, no auge da formação do mito. na mitologia própria dos 20 anos, curtis foi um dos meus ícones. nenhuma idade é tão propícia à atracção do abismo, e curtis foi realmente um óptimo emissário desse estado de espírito indizível. versos como heart and soul, one will burn, ou here are the young men, a weight on their shoulders, ou people like you find it easy, fazem realmente sentido quando se descobriu recentemente a existência, a fragilidade da existência, quando todas as dúvidas se acumulam, quando não há passado nem futuro.

sábado, fevereiro 02, 2008

constatação #33

os detentores do poder ficam tão ansiosos por estabelecer o mito da sua infalibilidade que se esforçam ao máximo para ignorar a verdade.
boris pasternak, escritor russo, 1890-1960

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

yesssssssss!

Control
Reino Unido - 2007

140 min - Drama/12 anos

Samantha Morton (Actor / Actriz)
Sam Riley (Actor / Actriz)
Craig Parkinson (Actor / Actriz)
Matt Greenhalgh (Argumento)
Anton Corbijn (Realização)
Deborah Curtis (Texto)
http://www.controlthemovie.com/
Ver o trailer

A história do carismático vocalista dos Joy Divison Ian Curtis até ao momento trágico do seu suicídio. Com desempenhos de Samantha Morton e Alexandra Maria Lara, o filme conta ainda com um desempenho notável de Sam Riley no papel de Ian Curtis. Com banda sonora dos New Order e músicas originais dos anos 70 dos Joy Division, CONTROL documenta as relações de Ian Curtis com a sua mulher e com a sua amante, a sua batalha contra a epilepsia e o caminho para a fama dos Joy Division.

Abrantes - Cine-Teatro São Pedro (Abrantes) - 241366321
Largo de São Pedro
4ª: 21h30

Amarante - Cinema Teixeira de Pascoaes -
6ª: 21h30

Faro - Algarcine - Cinatrium - 289801350
Rua de Santo António
4ª: 21h30

Faro - SBC Cinemas - Fórum Algarve - 289-887212
Estrada Nacional 125, Fórum Algarve, Lj 1.22
16h50 / 22h10; 6ª-Sab: 24h40

Funchal - Castello Lopes MadeiraShopping - 707220220
Caminho de Santa Quitéria nº45, Santo António
21h35; 6ª-Sab, 2ª: 24h20

Olhão - Cinalgarve - 289703332
Avenida da Républica - 180
3ª: 21h30

Póvoa de Varzim - Auditório Municipal da Póvoa de Varzim - 252619230
5ª: 21h45

Vila Real - Teatro de Vila Real - 259320000
Alameda de Grasse
22h00

Viseu - IPJ - Delegação Regional de Viseu - 232-483410
Portal ao Fontelo - Carreira dos Carvalhos
3ª: 21h45